Reportagem publicada nesta sexta-feira (15/) pela revista Veja revela novos pontos da delação premiada do ex-ministro da Fazenda e Casa Civil Antonio Palocci. A publicação, que afirma ter tido acesso ao material, cita uma reunião comandada pelo ex-presidente Lula no Palácio da Alvorada, em 2010, que tratou da criação da Sete Brasil. A empresa, que fabricaria sondas para exploração do pré-sal, deveria movimentar bilhões – dos quais partes seriam empregados na campanha eleitoral da então candidata a presidente Dilma Rousseff.
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Lula, Dilma, Palocci e o então presidente da Petrobras, Sérgio Gabrielli, teriam participado da reunião. “Segundo Palocci, Lula deixou claro no encontro que parte dos recursos deveria custear o PT e financiar a campanha de Dilma, perpetuando o partido no poder”, narra a reportagem. Palocci, segundo a revista, falou sobre o espanto com a decisão. “Essa vez me assustou. Dessa vez eu vi o Lula dominado pelo poder.”
Dinheiro vivo para Lula
Palocci também teria delatado entregas de propina em dinheiro vivo a Lula, segundo apurou a revista Veja, em quantias que variaram de R$ 30 mil a R$ 50 mil. O ex-ministro narra pelo menos cinco episódios em que entregou dinheiro sujo diretamente a Lula. Segundo Palocci, a propina era usada pelo petista para bancar despesas particulares.
O ex-ministro também detalha entregas de dinheiro ilícito em quantias maiores. Segundo Palocci, quando o pedido de Lula envolvia cifras mais elevadas, o encarregado de fazer o transporte dos recursos era Branislav Kontic, assessor do ex-ministro. As remessas de dinheiro eram enviadas então ao Instituto Lula, em São Paulo. Os valores eram descontados do “crédito” que Lula mantinha com a Odebrecht, segundo a revista Veja.
Lula e Kontic são réus por corrupção e lavagem de dinheiro no processo penal que apura se o terreno do Instituto Lula foi comprado com recursos de propina. A ação está nas mãos do juiz Sergio Moro, que precisa coletar um último depoimento antes de iniciar a fase final que precede a divulgação da sentença.
Na quarta-feira (13), no interrogatório em Curitiba, Lula chamou Palocci de “mentiroso, frio e calculista”, capaz de dissimular a verdade. Na semana passada, em depoimento a Moro, o ex-ministro havia dito que o ex-presidente tinha um “pacto de sangue” com a Odebrecht que lhe garantia vantagens, como a compra do terreno do instituto.
Outro lado
O ex-presidente Lula nega que tenha recebido quaisquer valores ilícitos durante ou depois de seu mandato e diz que Palocci mentiu à Justiça. Sobre supostas entregas em dinheiro vivo, o advogado Cristiano Zanin Martins afirmou que “Palocci mente para obter benefícios judiciais, que envolvem não só a sua liberdade como o desbloqueio do seu patrimônio”.
Palocci tem cerca de R$ 30 milhões em valores bloqueados desde sua prisão, em setembro do ano passado. “Lula já teve suas contas e de parentes devassadas e jamais foram encontrados quaisquer valores ilícitos”, declarou o defensor.
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