Sob o risco de derrota e da impossibilidade de todo o texto-base da reforma política ser rejeitado, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), suspendeu nesta terça-feira (22) a sessão de votação da proposta pela segunda vez em uma semana. O quórum, que chegou a ser de 480 deputados, dos 513 no plenário, foi reduzindo conforme chegava o momento da possível votação do texto, mas, na hora decisiva apenas 313 marcaram presença. Esse esvaziamento no painel fez Maia recuar.
A questão é que há divergências sobre a adoção do “distritão” como sistema eleitoral e do fundo de financiamento público. Maia e outras lideranças da base propuseram fatiar a votação de cada um desses itens. O PT, que defende o fundo mas é contra o distritão, foi intransigente e não admitia que o sistema eleitoral fosse votado primeiro. A seu lado estão partidos como PR e PRB.
Do outro lado, Democratas, o PMDB e outras legendas querem votar primeiro o distritão e ver o comportamento do PT. Os defensores do sistema não tem ainda os 308 votos necessários – estão entre 280 e 290 – e precisam do apoio do PT. O líder do DEM chegou a dizer que se o PT não apoiar o distritão eles não apoiarão o fundo público. Uma esticada de corda que não interessa, no fundo, a nenhum deles. Ambos precisam de recursos para semana que vem e, se manter como está, todos perdem.
Maia marcou nova sessão para a manhã desta quarta-feira (23). A decisão de fatiar ou não depende do relator, Vicente Cândido (PT-SP), que enfrenta a oposição de seu partido. O relator disse que está em “processo de convencimento”. “Vamos tentar um acordo, o que não pode é ficar como está e sem novas regras para eleições do ano que vem. Regras que tornem as campanhas mais enxutas, mais baratas”, disse.
Logo que acabou a sessão, Rodrigo Maia conversou com deputados da oposição no meio do plenário. “Se colocasse para votar, haveria o risco do texto-base ser derrotado. Aí não teríamos reforma alguma”, disse Maia aos parlamentares do PCdoB e do PT.