A desistência do apresentador Luciano Huck de disputar a Presidência da República este ano foi vista com surpresa e ceticismo pelo principais líderes partidários na Câmara dos Deputados. Para partidos de centro, a saída dele, anunciada nesta quinta-feira (15), beneficia as pré-candidaturas do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ).
No DEM, a avaliação, até então, era de que uma candidatura de Huck poderia enfraquecer o nome de Maia para o Planalto. Integrantes da cúpula do partido chegaram, inclusive, a se reunir com o apresentador nas últimas semanas, no Rio de Janeiro.
Caso Huck, de fato, mantenha a decisão de não disputar o Palácio do Planalto, o grupo de Maia avalia que a ausência do apresentador nas eleições reforçará a incerteza no centro, que, em tese, seria o mesmo campo político do apresentador. Essa incerteza anima os demais pré-candidatos a intensificarem articulações.
Novo líder do PRB na Casa, Celso Russomanno (SP) contou que é amigo do apresentador e lamentou que a vida dele tenha sido “vasculhada” nos últimos dias. Disse ainda que é difícil passar o tempo todo tendo de se defender de acusações.
“Não é fácil para a pessoa pública não acostumada a apanhar publicamente manter uma candidatura. Tem de ter estômago”, comentou. O líder do PRB acredita que mesmo fora da campanha, Huck terá um papel relevante como cabo eleitoral. “Ele será um bom cabo eleitoral para quem for candidato. Quem o trouxer terá grande força”, previu. O PRB vem mantendo conversas com Alckmin e Maia e deve decidir só na véspera das convenções quem vai apoiar.
O líder do PSDB na Câmara, Nilson Leitão (MT), disse que o partido vai trabalhar para tê-lo como cabo eleitoral, seja do governador de São Paulo ou do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio. “Temos agora de trazê-lo para nos apoiar”, afirmou.
Leia também: TSE arquiva acusação contra Huck, Faustão e Globo por abuso de poder econômico
Para Leitão, Huck representa a renovação e já tem afinidade com o pensamento de centro-direita. “Ele sempre teve simpatia pelo PSDB. Teria uma chance enorme dele dar esse apoia. Agora nós precisamos é conquistá-lo”, declarou.
O líder do PMDB na Câmara, Baleia Rossi (SP), demonstrou simpatia pela possibilidade de Huck participar do pleito eleitoral. “Política se faz com participação. Não adianta ficar só reclamando sobre o que está aí. Nesse sentido, sempre achei louvável sua presença. Já participou de campanhas como colaborador e poderia contribuir mais se fosse ele candidato”, disse.
O líder do PR, José Rocha (BA), acredita que sem Luciano Huck no páreo, ganha força uma candidatura de centro. Para o deputado baiano, a tendência é PSDB e DEM se juntarem em algum momento das negociações numa chapa encabeçada por Alckmin, mas com a vaga de vice em aberto.
Rocha avalia que Huck não aguentou os “bombardeios” da imprensa e que isso certamente lhe causaram problemas familiares. Para o deputado do PR, o apresentador também teria dificuldades em se alinhar com o Parlamento se fosse eleito. “O perfil dele no Planalto não seria o mesmo perfil dos eleitos no Congresso”, comentou.
O líder do PT, Paulo Pimenta (RS), considera que a nova desistência de Huck é “jogo de cena”. “Enquanto eles não tiverem um candidato competitivo, o nome dele continuará sendo uma possibilidade”, previu.
Sem Huck, PPS tende a se alinhar a Alckmin
O presidente nacional do PPS, Roberto Freire, disse que a decisão do apresentador não o surpreende. “Ele apenas repetiu o que ele falava. Hora nenhuma ele disse que era candidato. Portanto, não há surpresa nenhuma nisso”, disse o deputado federal, que se aproximou do comunicador da TV Globo nos últimos meses.
O PPS era apontado como provável destino de Huck caso fosse se filiar a alguma sigla. Freire disse, em algumas ocasiões, que o partido estaria de portas abertas para o apresentador se ele quisesse ser membro.
“Majoritariamente o partido caminhava, se essa ‘hipótese Huck’ fosse concreta, para ele”, diz o parlamentar. O senador Cristovam Buarque (DF), membro do PPS, se apresentou internamente como pré-candidato ao Planalto e tenta viabilizar sua candidatura.
Segundo o presidente do partido, no entanto, a “hipótese Cristovam” não é consensual e, hoje, o partido tende mais a apoiar o pré-candidato do PSDB, o governador paulista Geraldo Alckmin. Uma decisão final, de acordo com Freire, deve vir após março.
Alcolumbre no comando do Senado deve impor fatura mais alta para apoiar pautas de Lula
Zambelli tem mandato cassado e Bolsonaro afirma que ele é o alvo; assista ao Sem Rodeios
Entenda o que acontece com o mandato de Carla Zambelli após cassação no TRE
Sob Lula, número de moradores de rua que ganham mais de meio salário mínimo dispara
Deixe sua opinião