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| Foto: EVARISTO SA / AFP

Sem grandes pautas, sem avançar em reformas, com medidas de pouca abrangência. Essa pode ser a fotografia do que resta do governo Michel Temer (PMDB) após o arquivamento da segunda denúncia pelo plenário da Câmara dos Deputados, nesta quarta-feira (25), por 251 votos favoráveis contra 233 contrários. Para tentar movimentar seu último ano de governo – e deixar uma marca  além das denúncias que enfrentou, o presidente deverá fazer as malas e viajar ao exterior, para mostrar o portfólio de concessões aos investidores, trazer dinheiro para o Tesouro e tentar legitimar seu governo lá fora. 

No final de janeiro de 2018, Temer planeja fazer uma turnê pela Ásia, depois de passar pela Suíça. Assessores do Planalto e de ministérios já trabalham na agenda da viagem do presidente e seus ministros da área econômica e de infraestrutura e outras viagens internacionais também podem entrar na viagem do presidente no começo de 2018. Oficialmente, o Ministério das Relações Exteriores e o Palácio do Planalto ainda não divulgaram a agenda oficial de viagens para este final de ano e começo do próximo. 

Sem apoio no Congresso e de olho nas eleições

Com a proximidade das eleições 2018, o Congresso não deverá seguir com a pauta de reformas e medidas impopulares do governo Temer. Ao optar por intensificar as viagens internacionais, Temer pode transparecer alguma normalidade em seu governo ao tentar atrair investidores e ainda buscar legitimação de seu governo, mesmo que tardia, com alguma agenda mais marcante. 

“Com o não avanço da segunda denúncia, deve haver um pouco mais de estabilidade e o presidente talvez possa viajar um pouco mais, com mais tempo e tranquilidade para vender uma imagem de estabilidade, principalmente para os investidores internacionais. E ainda se legitimar também perante a comunidade internacional como um presidente que não foi apenas um tampão”, avalia Wagner Parente, diretor-executivo da Barral M Jorge Consultores. 

Na Suíça, o presidente deverá participar de eventos do Fórum Econômico Mundial, em Davos, que tem programação de 23 a 26 de janeiro de 2018. Na sequência, Temer e sua comitiva (que deverá incluir também um grupo de empresários) devem emendar com tour por países como Vietnã, Singapura, Indonésia, Malásia e Timor Leste. 

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O objetivo dessa turnê é apresentar as oportunidades de investimentos no Brasil, como privatizações e concessões. No pacotão, a joia da coroa é a Eletrobras e suas usinas hidrelétricas, além de rodadas de licitação de blocos de petróleo e gás (inclusive pré-sal), aeroportos e outros projetos do Programa de Parceria em Investimentos (PPI).  Ao priorizar essa agenda, Temer deixará aqui no Brasil os deputados e senadores focados nas pautas eleitorais. Dificilmente o Congresso votará medidas impopulares. 

Também será importante para o presidente a atração de investimentos para poder ganhar alguma paz dentro de casa, em um cenário de restrição fiscal e pouco dinheiro para gastos. Ao trazer recursos para os cofres do Tesouro Nacional (com o pagamento dos bônus de outorga, assinatura de contratos de concessão e mesmo com ganhos para a União como acionista da Eletrobras) o governo poderá fazer acenos aos servidores públicos, aumentando benefícios e postergando cortes. 

O foco na agenda econômica ainda poderá ajudar Temer como agente no cenário político-eleitoral, se conseguir também manter a economia nos trilhos. “Esse governo tenta aglutinar uma chapa de centro, que historicamente é o que se viabiliza no país. Se a economia estiver estável, e aí entra a parte do investimento externo, ele tem mais condição de aglutinar um grupo em torno desse projeto”, avalia Wagner Parente.

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