Se pudesse, o presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL) , vetaria o reajuste de 16,38% nos salários dos ministros do STF (Supremo Tribunal Federal). O aumento foi aprovado na quarta-feira (7) pelo Senado. O salário dos ministros passou de R$ 33,7 mil para R$ 39,3 mil. Com o efeito cascata, o impacto é de R$ 4 bilhões ao ano. O presidente Michel Temer ainda precisa sancionar a lei.
“Não sou o presidente. Se fosse, você sabe qual seria minha decisão [o veto]. Não tenho outro caminho no meu entender [a não ser vetar], até para dar o exemplo”, disse o presidente eleito, em entrevista à Record. Ele postou em suas redes sociais os bastidores da entrevista. A resposta foi dada quando o jornalista questionou se ele vetaria o projeto de lei de reajuste.
Ele comentou a primeira visita a Brasília. “Eu falei antes da votação que é inoportuno, que este não é o momento para discutir este assunto. O Brasil está numa situação complicadíssima, a gente não suporta mais isso daí”, disse. “Mas a decisão está na mão do Temer. Sou, por enquanto, apenas um presidente eleito.” Bolsonaro destacou que a situação fiscal do país é delicada, em razão do rombo nas contas públicas.
LEIA MAIS: Quanto ganham os indicados por Bolsonaro para a equipe de transição
“Nós estamos no vermelho há muito tempo. É mais uma preocupação para o ano que vem”, afirmou. Se o governo Temer quiser, pela Lei de Responsabilidade Fiscal, ele pode vetar esse reajuste.
Bolsonaro disse, mais uma vez, que o Poder Judiciário é o mais bem aquinhoado do Brasil e esse aumento dificulta no convencimento da sociedade sobre a necessidade de uma reforma da Previdência.
“Complica para a gente quando se fala em reforma da Previdência, na qual você vai tirar alguma coisa dos mais pobres, você aceitar um reajuste como esse. Agora está na mão do presidente Temer”, disse.
SAIBA MAIS: O empresário que apresentou Bolsonaro ao liberalismo
Previdência
Bolsonaro reafirmou o objetivo de fazer a reforma da Previdência, mas não da forma proposta originariamente pelo governo Temer. “Nós sabemos que uma proposta de emenda à Constituição tem uma dificuldade, mais ainda, o governo parece que não pretende acabar com a intervenção no Rio. Sobraram as leis infrainconstitucionais. Recebi um pacote de medidas, que estão tramitando na Câmara, quer seja de origem do Executivo, seja dos parlamentares. Estou analisando, nenhuma dessas propostas é minha”, disse o presidente eleito.
“Vi na imprensa dizendo que uma das minhas propostas seria passar de 11% para 22% a contribuição previdenciária. Isso não existe, isso é um absurdo. E que seria também uma proposta minha que somente após 40 anos de serviço teria a aposentadoria integral pelo teto do INSS. Não é proposta nossa.”
Sobre a reforma trabalhista, Bolsonaro disse que foi bem feita. “É dessa forma que devemos buscar dias melhores. Não está fácil, a situação é crítica, mas não queremos que o Brasil se transforme em uma Grécia.”
Bolsonaro e mais 36 indiciados por suposto golpe de Estado: quais são os próximos passos do caso
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
A gestão pública, um pouco menos engessada
Projeto petista para criminalizar “fake news” é similar à Lei de Imprensa da ditadura