| Foto: Aniele Nascimento/Aniele Nascimento

Conhecido por sua temperança no trato político, o secretário-geral do PSDB e deputado federal Silvio Torres (SP) é a favor que seu partido deixe o governo e defende também que a denúncia por corrupção passiva contra o presidente Michel Temer prospere e vire ação no Supremo Tribunal Federal (STF). Torres é titular da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e assim votou naquele colegiado.

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Ao final da votação, foi surpreendido com a escolha de seu correligionário Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG), que se posicionou a favor de Temer, como relator dos vitoriosos. “Nem fomos comunicado disso”, disse Torres que, na hora, se posicionou. “Quero comunicar que a posição do deputado Abi-Ackel não é a do PSDB, que votará contra no plenário”.

Assim está o PSDB, publicamente dividido. Experiente e no seu sexto mandato na Câmara, Torres acha que a derrota da oposição na CCJ e os dias que sucederam aquela votação, com a aprovação da reforma trabalhista, favoreceram Temer. “Ainda que não seja o resultado final, uma decisão dessa na CCJ evita o noticiário mais negativo. E essa calmaria favorece o presidente”, disse o secretário do PSDB.

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Nas suas contas, a grande maioria dos 46 deputados tucanos vota pela continuidade da denúncia. “Há uma maioria clara a favor do desembarque do governo, bem significativa. E isso se traduziu na votação da CCJ, quando cinco dos sete deputados nossos ali votaram para continuar a denúncia. Esses dois deixaram claro que há divisão dentro do partido. E essa divisão tem trazido desorientação não só para os membros do partido como na imprensa, que ora divulga que estamos fechados com o governo e ora diz que estamos saindo”.

O diretório do PSDB se reúne no início de agosto para, dessa vez, definir seu rumo. O partido pode optar por continuar com Temer, mas não obrigar a bancada a votar nesse sentido. “A bancada deverá ser liberada”, disse Torres.

Além de Abi-Ackel o outro representante do PSDB que votou em apoio a Temer na CCJ foi Elizeu Dionízio (MS). Um voto surpreendente. Semanas antes, Dionízio chegou a gravar um depoimento a favor da saída imediata de Temer do governo, quando estouraram as denúncias de Joesley Batista. E, agora, mudou de lado.

Disse ele logo após as revelações do conteúdo das gravações: “Com a mesma régua que medimos o PT precisamos medir o presidente Temer e seu grupo, pedindo o afastamento imediato de todos eles. Não podemos aceitar que o Brasil seja pauta de vexame internacional por ter um presidente envolvido em corrupção”. Dionízio chegou a assinar um documento pelo impeachment de Temer.

O deputado foi beneficiado com liberação de emendas, de cerca de R$ 2,5 milhões. Ele também teria sido convencido a mudar seu voto na CCJ após conversas com o governador de seu estado, Reinaldo Azambuja, do PSDB, e próximo de Temer. A Gazeta do Povo manteve contato com Dionízio mas não obteve retorno.

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