• Carregando...
 | Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo
| Foto: Nilton Fukuda/Estadão Conteúdo

Presença constante na agenda de atos pró-Lula em Porto Alegre, a presidente do PT e senadora Gleisi Hoffmann é uma das vozes mais estridentes na defesa do ex-presidente, condenado pela Lava Jato no processo do tríplex no Guarujá. Sobram críticas à força-tarefa, ao juiz Sergio Moro, e até ao presidente do Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), onde Lula será julgado nesta quarta-feira (24).

A senadora acompanha todos os eventos da militância do partido que veio à capital gaúcha para apoiar Lula. A senadora foi uma das primeiras petistas a chegar na cidade. Desde segunda-feira (22), o PT vem organizando atos com juristas, intelectuais e militantes do partido.

Gleisi já concedeu duas entrevistas coletivas à imprensa desde que chegou em Porto Alegre na segunda – uma delas destinada apenas à imprensa internacional. O tom da senadora mudou pouco durante esses dias, mas ela parece estar mais cuidadosa depois de ter criado uma polêmica ao afirmar, em entrevista ao portal Poder 360, que para prender Lula seria necessário “matar gente”. A senadora foi criticada por tentar inflamar os ânimos em torno do julgamento.

Leia também: Tudo o que você precisa saber sobre o julgamento de Lula no TRF-4

Em entrevista concedida a uma rádio gaúcha nesta semana, a presidente do partido reclamou e disse ter sido mal interpretada quando falou em “matar gente”. “Eu faço uma fala, que é uma força de expressão, eles surtam. É absurdo isso que estamos vivendo. O que eles estão fazendo de incitação à violência, à ilegalidade desde o golpe da Dilma, é uma barbaridade. E aí quando nós queremos levantar o tom da voz nós não podemos levantar?”, disse Gleisi, se referindo a militantes da direita.

Em seus discursos, a senadora tem feito críticas pesadas à Lava Jato e outras investigações contra a corrupção do país. Nesta terça-feira (23), antes do discurso de Lula na Esquina Democrática, ela voltou a culpar a Lava Jato pela morte da ex-primeira dama Marisa Letícia. A esposa de Lula morreu no ano passado, depois de um AVC. Ela era réu com o marido em dois processos da Lava Jato em Curitiba, que estavam nas mãos do juiz federal Sergio Moro.

No discurso, Gleisi também faz críticas ao presidente do TRF-4, Carlos Thompson Flores, por suas declarações à imprensa. O desembargador chegou a dizer que a sentença de Moro era “irretocável”. Apesar de Flores não participar do julgamento no TRF-4, a senadora o acusa de ser parcial. Gleisi também insiste em afirmar que Moro e o relator da Lava Jato no tribunal, João Pedro Gebran Neto, teriam uma relação de compadrio. Os dois já negaram a afirmação.

A petista insiste na inocência de Lula e garante que o partido não tem um plano B para o caso de o ex-presidente ficar inelegível. Gleisi afirmou que uma eventual condenação “não tem o poder de impedir o registro da candidatura de Lula” em 15 de agosto.

O PT trabalha com várias alternativas jurídicas para garantir o nome de Lula nas urnas em outubro, mesmo que o petista esteja condenado em segunda instância e, portanto, inelegível segundo os critérios da Lei Ficha Limpa. Para Gleisi, Lula é alvo de um processo injusto que o persegue.

O presidente Michel Temer também não escapa dos ataques de Gleisi durante os atos em Porto Alegre. A senadora tem criticado os casos de corrupção envolvendo aliados do presidente e as reformas promovidas pelo governo, com a reforma trabalhista e a PEC do Teto de Gastos, aprovada ainda em 2016.

Eventos

Nesta terça-feira (23), antes do ato que reuniu Lula e milhares de militantes na Esquina Democrática, Gleisi participou de um ato na Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul ao lado da ex-presidente Dilma. Um dia antes, a senadora integrou uma caminhada de militantes pela cidade até o acampamento, além de marcar presença em outros atos organizados na capital gaúcha.

Leia também: Divergência no julgamento de Lula no TRF4 causará racha inédito na Lava Jato

A agenda para esta quarta-feira (24) ainda não foi definida. A senadora pode acompanhar o julgamento de Lula de dentro do TRF-4, junto com outras autoridades. Há uma sala reservada dento do tribunal, de onde devem assistir o julgamento integrantes do PT, PCdoB, Frente Brasil Popular, CUT, entre outros movimentos.

O caso

O ex-presidente será julgado pelos desembargadores da 8.ª Turma do TRF-4 no processo envolvendo o tríplex no Guarujá. Ele foi condenado em julho do ano passado pelo juiz Sergio Moro a 9 anos e meio de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Segundo o Ministério Público Federal (MPF), Lula teria recebido propina da OAS por contratos da empreiteira com a Petrobras através da compra e reforma de um tríplex no Condomínio Solaris, no Guarujá, litoral norte de São Paulo.

A defesa nega a participação de Lula nos crimes e diz que ele não é o dono do imóvel. Os advogados do ex-presidente pediram a absolvição do petista, ou que os desembargadores reconheçam que os supostos crimes prescreveram.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]