O Palácio do Planalto divulgou nesta quarta-feira (30) a foto oficial do vice-presidente da República, Hamilton Mourão. De autoria do fotógrafo da vice-presidência Romério Cunha, a imagem chama a atenção pelo semblante sisudo, quase triste, do general da reserva. Diferentemente da imagem oficial do presidente Jair Bolsonaro e do antecessor Michel Temer, em que ambos aparecem com um sorriso leve e discreto.
A foto também contrasta com o comportamento público de Mourão, que tem se destacado pela cortesia e solicitude com que trata jornalistas, diplomatas, assessores e ex-colegas de caserna. Nesta quarta, o general devolveu a Presidência a Bolsonaro, após 48 horas de interinidade por causa da cirurgia do capitão. Na semana passada, Mourão já havia exercido a liderança do Executivo nacional por quatro dias em função da participação do titular no Fórum Econômico Mundial, em Davos (Suíça).
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Nesse período, o general não se furtou em comentar os principais assuntos do momento – da presença dos militares na reforma da Previdência às suspeitas contra o senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), passando pelo pedido de Lula para acompanhar o enterro do irmão Vavá – nesse último, Mourão foi favorável, por uma “questão humanitária”.
Reportagem do jornal Folha de São Paulo destacou o papel do vice-presidente, afirmando que o protagonismo de Mourão incomodam o entorno familiar e político de Jair Bolsonaro. Um dos filhos do presidente teria dito a interlocutores que o general busca se mostrar como uma figura preparada caso alguma crise venha a desestabilizar o governo.
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As aparições de Mourão também causam desconforto no núcleo político do governo, representado pelos ministros Onyx Lorenzoni (Casa Civil) e Gustavo Bebianno (Secretaria Geral). O próprio Onyx teve seus poderes diminuídos antes do novo gabinete ministerial tomar posse – dizem – por influência do vice-presidente.
Polêmicas à parte, a foto oficial obtida pelas lentes de Romério Cunha pode ter captado o verdadeiro Mourão, o velho general que defendeu uma intervenção militar no auge da crise política que antecedeu a vitória de Bolsonaro nas urnas. E que acabou por precipitar o fim da sua carreira militar, após quatro décadas de serviços prestados às Forças Armadas.
O mesmo Mourão que roubou a cena na sessão especial do Congresso Nacional ao prestar juramento em defensa da Constituição, das leis nacionais, da integridade territorial e da independência do país, durante a posse presidencial, no dia 1º de janeiro.
O tom de voz elevado e ríspido, fiel ao perfil de quem já comandou tropas, ecoou mais alto que o de Bolsonaro, causando arrepios em políticos que lembram bem do período em que militares davam as cartas em Brasília.
A foto oficial de Mourão
A foto oficial de Jair Bolsonaro
A foto oficial de Michel Temer vice-presidente
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