| Foto: Fabio Rodrigues PozzebomAgência Brasil

O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) tem em suas mãos uma estrutura de cargos de primeiro e segundo escalão para montar, que vai dos ministérios a secretarias, das agências reguladoras até as embaixadas brasileiras. Segundo integrantes do PSL, o acordo com o governo Temer seria para que não fosse preenchida nenhuma vaga nas agências reguladoras neste ano, antes do novo presidente assumir. Os cargos nas agências têm mandatos estabelecidos por lei. 

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Mas, em 30 de outubro, primeiro dia de trabalho no Congresso após a eleição, Victor Hugo Froner Bicca foi aprovado pelo Senado para um mandato de quatro anos como diretor-geral da Agência Nacional de Mineração (ANM), órgão recém-criado no lugar do Departamento Nacional de Produção Mineral. Bicca é afilhado político do deputado federal Leonardo Quintão (MDB-MG), que não conseguiu se reeleger para o cargo. 

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Esse é só um dos exemplos de indicação para cargos importantes aprovados pelo Senado após o resultado do segundo turno. Foram pelo menos dez até quinta-feira (8). Os atuais parlamentares correm para aprovar indicações do presidente Michel Temer antes da posse de Bolsonaro.

Há um Temer no meio do caminho

A intenção inicial da equipe de Bolsonaro é "desaparelhar a máquina petista", nas palavras de um aliado do futuro presidente. Muitos já deixaram o governo desde 2016, quando Michel Temer assumiu a Presidência da República. Mas a intenção é tirar também técnicos e funcionários de carreira que estão lá desde 2002, no primeiro governo Lula. 

Mas o atual presidente estaria adotando medidas na direção oposta. "É claro que Michel Temer está tentando manter o próprio poder e de aliados", avaliou um senador da oposição que acompanha, desde semana passada, votações sucessivas de algumas dessas indicações que o atual presidente encaminhou ao Senado.

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"A aposta é que Bolsonaro vá manter os indicados aos cargos. Primeiro porque não pode simplesmente sair tirando, cortando alguns, como diretores de agências. E depois porque não tem gente qualificada o suficiente para assumir esses lugares", afirmou um nome da equipe de Michel Temer sob condição de anonimato. 

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Conversas cordiais nos bastidores

Na semana passada, o presidente eleito esteve em Brasília e se encontrou com Michel Temer. Bolsonaro recebeu de Temer o convite para acompanhá-lo em viagens internacionais que ainda acontecerão neste ano. Disse, também, que contará com a ajuda e opinião de Temer em questões futuras de governo. Fizeram questão de trocar afagos. 

O mesmo ocorreu no Supremo Tribunal Federal (STF), onde Bolsonaro encontrou com o presidente da Corte, Dias Toffoli. No Congresso, onde participou de um evento em homenagem aos 30 anos da Constituição, o eleito também conversou com o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE). Na conversa, formal e amigável, segundo interlocutores, Eunício disse que está à disposição de Bolsonaro para conversar e ajudar no que for possível na transição. 

Como presidente da Casa, o senador é responsável pela pauta e é quem faz caminhar mais ou menos depressa votações, inclusive de indicações para cargos.  

Mais exemplos de indicações que aconteceram após a eleição de Bolsonaro

Muitas dessas indicações foram aceleradas após a eleição de Bolsonaro. Na terça-feira (30 de outubro) seguinte ao segundo turno, o plenário do Senado confirmou a indicação do tenente-brigadeiro do ar Carlos Vuyk de Aquino como ministro do Superior Tribunal Militar (STM). Ele ocupou a vaga destinada a oficiais-generais da Aeronáutica aberta com a aposentadoria do ministro Cleonilson Nicacio Silva. 

Na sequência, os senadores aprovaram indicações de diplomatas para ocupar embaixadas no exterior. Fernando Apparicio da Silva foi para a República Socialista do Vietnã e Gilvânia Maria de Oliveira para a República do Panamá. 

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Na quarta-feira (31 de outubro), os senadores aprovaram a indicação do desembargador Luiz José Dezena da Silva, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 15ª Região, para o cargo de ministro do Tribunal Superior do Trabalho (TST). O magistrado foi indicado por Temer no fim de agosto e ocupará a vaga aberta com a aposentadoria do ministro Fernando Eizo Ono, que deixou o tribunal em março. 

Neste mesmo dia, uma nova onda nomeações de embaixadores brasileiros no exterior. O diplomata Eduardo Botelho Barbosa para a Sérvia e Montenegro; Carlos Alfonso Iglesias Puente, para Moçambique e, cumulativamente, Suazilândia e Madagascar; Luiz Villarinho Pedroso, para a República Democrática Federal da Etiópia, acumulando os vizinhos a República do Djibuti e a República do Sudão do Sul; e Patrícia Maria Oliveira Lima, para o Sudão.

Já neste mês, na primeira terça-feira (6), o Senado aprovou a indicação da diplomata Vera Cintia Alvarez para exercer o cargo de embaixadora do Brasil na Guatemala. 

No dia seguinte, a Comissão de Relações Exteriores (CRE) aprovou a indicação dos diplomatas Marcelo Souza Della Nina para embaixador na Arábia Saudita e Iêmen e Antonio Francisco da Costa e Silva para a chefia da representação diplomática brasileira em San Jose, na Costa Rica. As indicações seguem agora ao Plenário em regime de urgência e podem ser incluídas na pauta a pedido de qualquer senador.

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