O governo Temer sofreu uma nova derrota nesta tarde de terça-feira: o Senado rejeitou o projeto de lei que alteraria regras do setor elétrico e buscava viabilizar a privatização de distribuidoras da Eletrobras.
O texto, aprovado em julho pela Câmara, equaciona pendências judiciais e débitos das distribuidoras, o que poderia facilitar a atração de investidores para a venda.
O texto foi rejeitado por 34 votos a 18, com uma abstenção. Com isso, vai ao arquivo e não terá validade.
Neste ano, já foram leiloadas as distribuidoras da estatal em quatro estados Acre, Rondônia, Roraima e Piauí. Restam ainda as companhias de Alagoas e Amazonas.
A venda da Ceal (Alagoas) foi impedida por uma decisão liminar do STF (Supremo Tribunal Federal). A ação foi proposta pelo governo local, que pleiteia a compensação de dívidas com o governo federal como consequência da venda da empresa.
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No caso do Amazonas, as contas da companhia precisariam ser saneadas para que a venda fosse possível. O leilão chegou a ser agendado para setembro, mas, diante da demora na tramitação do projeto no Senado, foi adiado para 25 de outubro.
Agora, para o relator do projeto, senador Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), a venda companhia se torna inviável.
Existe agora o risco iminente da liquidação da Amazonas Energia. A Eletrobras disse que já não tem interesse, disse.
Para ele, os leilões que já foram realizados são um fato consumado e não serão afetados.
O senador Eduardo Braga (MDB-AM), por sua vez, acredita que as companhias já leiloadas e que ainda não tiveram contratos assinados podem ter problemas.
A venda das distribuidoras é uma tentativa do governo de abrir caminho para a privatização da Eletrobras. Como também não será possível vender a estatal neste ano, o plano está rodeado de incertezas.
Ministério do Planejamento
O Ministério do Planejamento informou que a rejeição do projeto de lei que viabilizava a venda da distribuidora Amazonas Energia pode levar à dissolução da companhia e à licitação da concessão de forma separada.
Em nota, o Ministério do Planejamento lamentou: “As distribuidoras que ainda não foram leiloadas, Companhia Energética de Alagoas - Ceal e Amazonas Energia, não possuem contrato de concessão vigente, prestando serviços de forma precária e temporária”.
O ministério acrescentou que a prestação dos serviços “somente poderá permanecer de forma precária até o dia 31 de dezembro de 2018. Expirado o respectivo prazo (31 de dezembro de 2018) sem a venda das distribuidoras, o caminho natural é a dissolução das companhias e a licitação da concessão de forma separada”.
Propostas dos presidenciáveis
Na disputa do segundo turno, Jair Bolsonaro (PSL) disse ter restrições em relação à privatização. O PT de Fernando Haddad, por sua vez, já se posicionou contra a venda.
Esta não foi a primeira tentativa feita pelo governo Temer de aprovar uma proposta desse tipo. Neste ano, o presidente enviou ao Congresso uma Medida Provisória (MP) que também facilitava a venda das companhias da Eletrobras.
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O texto, porém, não foi votado pela Câmara e perdeu a validade. A legislação define que o governo não pode apresentar, no mesmo ano, uma MP com teor equivalente à que já foi rejeitada. A nova tentativa veio por meio de projeto de lei, agora derrubado.
A nossa decisão no Senado foi prudente. Decidimos que o novo presidente, que tomará posse no dia primeiro de janeiro, tenha o direito de poder reestruturar o setor elétrico", afirmou Eduardo Braga.
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Durante a sessão, parlamentares do Amazonas se posicionaram contra o projeto e disseram que custos seriam repassados ao consumidor. Isso porque, em eventual venda, as dívidas da distribuidora do Amazonas seriam parcialmente absorvidas pela Eletrobras e a companhia compradora.
O relator do texto negou. Há cláusula do edital que impede taxativamente isso. Não existe o menor risco de que essa dívida seja repassada para a tarifa, afirmou.
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