O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) defendeu, nesta quinta-feira (12), que a oposição apresente um novo pedido de impeachment de Michel Temer após a “Folha de S.Paulo” publicar que obra na casa de uma das filhas do presidente foi paga em dinheiro vivo pela mulher do coronel João Baptista Lima Filho, amigo do emedebista.
A Polícia Federal investiga a reforma no imóvel da psicóloga Maristela Temer sob a suspeita de que tenha sido bancada com propinas da JBS. Um dos fornecedores da obra afirmou à reportagem da “Folha” que os pagamentos eram feitos em espécie por Maria Rita Fratezi, esposa do coronel.
“Isso para mim é prova explícita de corrupção. Deixa inequívoco o envolvimento de Temer no recebimento de propina”, disse o senador Randolfe. “Eu acho que isso se encaminhará para uma nova denúncia, mas já temos elementos para protocolar mais um pedido de impeachment do senhor Michel Temer”, afirmou.
Para Randolfe, o caso será “o Fiat Elba do presidente Michel Temer”. Em 1992, o então presidente Fernando Collor protagonizou um escândalo após revelação de que ele usava um Fiat Elba pago com dinheiro do tesoureiro PC Farias. A compra do carro foi determinante para a abertura do processo de impeachment de Collor – que renunciou antes de ser julgado pelo Senado.
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Na avaliação do senador Alvaro Dias, as novas informações são mais um complemento para os detalhes já existentes que comprometem Michel Temer. “Que há sintoma de irregularidade, não há dúvida. Isso alimenta todo o dossiê desse escândalo e robustece convicções”, disse.
De acordo com o líder do Psol na Câmara, Ivan Valente (SP), há “semelhanças nas acusações” contra Temer e as que levaram à condenação o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no caso do tríplex no Guarujá (SP). Porém, para o deputado, ao contrário do emedebista, “falta materialidade” às provas contra o petista.
Valente afirmou também que o círculo de relações de Temer está inteiramente comprometido. “Está tudo muito detalhado, todos os amigos do presidente estão envolvidos, e só não estão presos os que estão com foro privilegiado”, disse.
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O ex-presidente Lula também é acusado de corrupção e lavagem de dinheiro por ter se beneficiado em reforma de um sítio em Atibaia (SP) que era frequentado por ele e seus familiares. As reformas teriam sido pagas pelas empreiteiras Odebrecht e OAS.
O senador Humberto Costa (PT) disse que as investigações sobre Temer precisam ser aprofundadas para detectar se houve alguma contrapartida nos pagamentos da reforma de Maristela Temer. Para ele, não há relação com o caso de Lula. “No caso de Lula, essa coisa de que houve algum tipo de vantagem trocada por qualquer coisa não tem paralelo. Tem que ver se houve contrapartida a Temer”, disse.
A senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) também afirmou que não há provas contra Lula e disse que as informações sobre Temer guardam mais semelhanças com o caso de Aécio Neves (PSDB-MG), acusado pelos crimes de corrupção passiva e obstrução de Justiça por pedir R$ 2 milhões a Joesley Batista, um dos donos da empresa de carnes JBS. “O caso do Temer é gravíssimo, é tipo o caso do Aecio. É o batom no colarinho”, disse.
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