Uma semana depois de manifestar seu descontentamento em carta, o ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal) Sepúlveda Pertence se reúne nesta sexta-feira (20) com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para decidir se permanece na equipe de defesa do petista.
Na carta levada por seu filho à carceragem da PF, Pertence lembrou os laços de amizade com o petista e demonstrou-se contrariado com o fato de ter sido desautorizado publicamente após ter apresentado, em memorial, pedido de prisão domiciliar de Lula.
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Antes mesmo de saber da iniciativa de Pertence, o advogado Cristiano Zanin tinha descartado, publicamente, qualquer pedido de prisão domiciliar por contrariar a orientação do ex-presidente.
Segundo aliados, Lula informou aos advogados que quer lutar por sua liberdade plena. Ainda segundo petistas, Lula afirma que não veria problemas em cumprir pena em casa, desde que não fosse o autor do pedido.
A estratégia de Lula preocupa petistas, certos de que o ex-presidente teria mais poder de articulação em prisão domiciliar. Alguns petistas duvidam que Pertence tenha feito a proposta sem um sinal de chances de que fosse acolhida pela Justiça.
Advogado do PT e da pré-campanha petista, o ex-ministro da Justiça Eugênio Aragão apoiou, na noite da segunda-feira (16), a estratégia adotada por Pertence em detrimento da tese de Zanin.
Embora Lula tenha dito a Aragão que discordava de um pedido de prisão domiciliar, o ex-ministro da Justiça afirmou que, do ponto de vista estratégico processual, Pertence estava certo.
“Na medida em que Lula ficasse numa prisão domiciliar, ele teria condições de dar entrevista, condições de articular, de encontrar os amigos, ele teria mais liberdade do que estando lá naquele espaço”, afirmou Aragão.
“A estratégia do ministro Sepúlveda Pertence foi o de comer pelas bordas e aos poucos ir liberando o regime dele. Acho perfeitamente legítimo. O advogado deve pensar nisso. É o interesse do cliente dele”, acrescentou.
Para Aragão, é “melhor Lula em casa do que na Superintendência da PF em Curitiba em todos os sentidos”.
“Até para mim. É mais perto ir de Brasília para São Paulo do que para Curitiba. E eu acho São Paulo mais interessante como cidade”, brincou.