O juiz federal Sergio Moro pediu que o síndico do Condomínio Solaris entregue à Justiça registros de entrada e saída do ex-presidente Lula e da ex-primeira dama Marisa Letícia no tríplex do Guarujá, litoral norte de São Paulo. Lula é acusado em um processo da Lava Jato de ser o proprietário do imóvel, que teria sido pago e reformado pela OAS como forma de pagamento de propina ao ex-presidente por contratos da empreiteira com a Petrobras.
No ofício, encaminhado na quarta-feira (5) ao síndico, Moro determina “eventuais registros de imagens ou de anotações” devem ser encaminhados à Justiça Federal de Curitiba. Moro também pediu a relação de moradores do edifício e a relação de prestadores de serviço que atendem o edifício desde 2009. O ofício também pede que sejam encaminhadas ações de cobrança de condomínio movidas contra a OAS com a discriminação das unidades inadimplentes.
Em novembro, Moro havia pedido que os mesmos documentos fossem entregues em até 20 dias, o que não ocorreu. O novo ofício estabelece um prazo menor, de cinco dias, para a entrega dos documentos solicitados. Ao pedir a relação de documentos, Moro atende um pedido da defesa do ex-presidente Lula, que nega que ele seja proprietário do imóvel.
Entenda o caso
O caso do tríplex foi a primeira denúncia de Lula na Lava Jato em Curitiba. O Ministério Público Federal (MPF) denunciou o ex-presidente por corrupção passiva e lavagem de dinheiro em setembro do ano passado. A denúncia foi aceita por Moro dias depois.
Segundo os procuradores, Lula teria recebido “benesses” da empreiteira OAS – uma das líderes do cartel que pagava propinas na Petrobras - em obras de reforma no apartamento 164-A do Edifício Solaris. O prédio foi construído pela Bancoop (cooperativa habitacional do sindicato dos bancários), que teve como presidente o ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto – preso desde abril de 2015. O imóvel foi adquirido pela OAS e recebeu benfeitorias da empreiteira.
Segundo a Polícia Federal, o imóvel recebeu obras avaliadas em R$ 777 mil, móveis no total de R$ 320 mil e eletrodomésticos no valor de R$ 19 mil - totalizando R$ 1,1 milhão.
A defesa de Lula diz que ele repudia as acusações do MPF e reitera que não é o proprietário do imóvel.
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