A passagem do juiz federal Sergio Moro pela Universidade de Coimbra, uma das mais tradicionais de Portugal, foi marcada por protestos. Muros da instituição amanheceram pichados com mensagens contra o magistrado.
Coimbra é considerada a universidade com a maior quantidade de alunos brasileiros fora do país. São cerca de 2 mil entre alunos de graduação e pós-graduação.
Estudantes brasileiros e também portugueses reuniram-se para criticar a presença do juiz da Lava Jato em um seminário sobre combate à corrupção na instituição. A palestra estava marcada para a tarde de segunda (4).
Batizado de “Transparência, Accountability, Compliance, Boa Governança e Princípio Anticorrupção”, o evento sai por “dez parcelas de R$ 850” e dá direito também a uma série de jantares paralelos.
Além de Moro, o procurador Roberson Pozzobon, membro da força-tarefa da Lava Jato em Curitiba, também participa do encontro.
Justificativa
Em nota, a Associação de Pesquisadores e Estudantes Brasileiros em Coimbra (Apeb) justificou as manifestações.
“Tendo em vista que os métodos de atuação no processo judicial adotados por Sergio Moro são contestados justamente no Comitê de Direitos Humanos das Organizações das Nações Unidas, a Apeb/Coimbra manifesta a sua perplexidade com a escolha desse personagem para participar no evento que trate de tais temáticas na qualidade de conferencista”, diz o texto.
Também em nota, a Esquerda Brasileira em Coimbra (Ebrac) disse que o juiz “tem negligenciado preceitos constitucionais e liberdades básicas”, “ignorou o princípio da imparcialidade”, como no caso da divulgação da conversa entre a então presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula, “com claro intuito de desestabilização de um governo democraticamente eleito por mais de 54 milhões de eleitorxs (sic)”.
“Diante desses fatos, é notório que o juiz Sérgio Moro não tem legitimidade para representar a Justiça Brasileira falando sobre combate à corrupção e transparência”, afirma o texto da Ebrac.
Procurado, Moro ainda não foi localizado pela reportagem.
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