“Foi um sucesso absoluto.” Assim o presidente Michel Temer classificou a viagem internacional que fez para Rússia e Noruega nesta semana. Depois de cinco dias na Europa, o presidente Michel Temer embarcou de volta ao Brasil nesta sexta-feira (23).
Otimismos à parte, a verdade é que Temer traz na bagagem uma coleção de gafes, constrangimentos e “micos” históricos. Tudo isso enquanto a crise doméstica brasileira pega fogo, com derrota na tramitação do projeto da reforma trabalhista, o relatório parcial da Polícia Federal que o acusa de corrupção passiva e a iminente denúncia criminal que a Procuradoria-Geral da República deve fazer contra ele.
Temer e sua delegação decolaram de Oslo às 16h40 do horário local (11h40 de Brasília), com previsão de chegada a Brasília neste sábado (24). De bom mesmo, só o presente que recebeu do presidente russo Vladimir Putin: cartas do século 19 que o imperador Dom Pedro II enviou ao Czar da Rússia e que foram compradas por Putin nos Estados Unidos. Os documentos históricos serão enviados para o Museu Nacional.
Leia a seguir sete situações que constrangeram Temer e sua comitiva, e, de quebra, feriram o orgulho nacional:
República socialista?
A coleção de gafes de Temer começou antes mesmo do embarque para a Rússia, na terça-feira (20). A assessoria da Presidência errou feio ao divulgar a agenda oficial da viagem internacional. No documento chamaram a Rússia de “República Socialista Federativa Soviética da Rússia”, nome do antigo país soviético, dissolvido em 1991. O correto hoje é Federação Russa. Na internet, alguns posts sugeriam ao governo russo que anunciasse a reunião de Putin com o presidente da “Terra de Santa Cruz”.
“Fora Temer”
Ao chegar a Moscou, Temer foi recebido no aeroporto pelo vice-ministro de Relações Exteriores da Rússia, um cargo considerado de segundo escalão. Até aí tudo bem. O pior viria no dia seguinte, quando o presidente brasileiro participou de uma solenidade para depositar flores no túmulo do soldado desconhecido. Um grito de “Fora, Temer” ecoou em meio ao silêncio que a cerimônia exigia. Provavelmente de um turista brasileiro.
Coquetel esvaziado
Como é de praxe, a embaixada brasileira em Moscou organizou um coquetel de recepção a Michel Temer. Mas apenas metade das pessoas convidadas compareceu. Normalmente, nesse tipo de evento, conversar com a principal estrela da festa requer paciência. Mas, com Temer, foi o contrário: era ele quem se aproximava das rodinhas de conversa tentando se enturmar.Um dos presentes chegou a comentar que nunca viu um presidente da República tão desprestigiado.
Só a corrupção importa
Já em Oslo, na quinta (22), Temer foi ao seu primeiro compromisso oficial na Noruega. A maioria dos jornalistas presentes eram brasileiros. Apenas um repórter local compareceu. E ele queria saber sobre... a corrupção no Brasil. Era para um artigo que preparava para um jornal econômico.
Sua majestade, o rei da Suécia
Nesta sexta (23), Temer cometeu a lambança mais vergonhosa. Em pronunciamento ao lado da primeira-ministra norueguesa, Erna Solberg, o peemedebista cometeu ato falho ao se referir a encontro que teria com o rei da Noruega e parlamentares noruegueses. “Hoje, uma reunião com vossa excelência (Erna) e mais adiante com o Parlamento brasileiro e um pouco mais adiante com sua majestade, o rei da Suécia”, disse. No passado, os dois países já foram um só, mas a Noruega conseguiu sua independência da Suécia no longínquo ano de 1905.
Corrupto, eu?
A primeira-ministra Erna Solberg comentou com Temer sobre o temor de seu país com a corrupção no Brasil. “Estamos muito preocupados com a Lava Jato. É importante fazer uma limpeza”, disse ela. Mal sabia a chanceler norueguesa que o recado atingia em cheio o mandatário brasileiro, alvo de uma denúncia por corrupção passiva que deve ser divulgada nos próximos dias pela Procuradoria-Geral da República.
Só por Deus
Do lado de fora da residência oficial de Erna, um grupo de ambientalistas fez uma manifestação contra o governo brasileiro exibindo cartazes em que pediam respeito ao meio ambiente e criticavam a política ambiental e indígena do governo Temer. Na véspera do encontro, o governo norueguês já havia anunciado um corte pela metade das doações que faz para o fundo de preservação da Amazônia por insatisfação com o aumento do desmatamento da floresta. Indagado sobre o assunto, o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho, disse que “só Deus” pode garantir que o desmatamento vai recuar no Brasil.
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