Em seu primeiro mandato, a deputada Shéridan (PSDB-RR) já ficou conhecida por ser “dona” de proposta que muda a forma como os políticos serão eleitos daqui para frente. Assunto espinhoso em um parlamento que briga para se manter no poder e resiste a mudanças na legislação eleitoral, a tucana é a primeira mulher a relatar de emenda a Constituição (PEC) que trata de reforma política.
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O texto, que está em fase de conclusão da aprovação na Câmara, prevê uma cláusula de desempenho para os partidos terem acesso ao fundo partidário. Isso inviabiliza a profusão de partidos de aluguel. A proposta também acaba com as coligações que geram o “efeito Tiririca”, que elege pessoas com poucos votos pelos puxadores de voto. O desafio de fazer projetos que mudam a forma de eleger políticos é tão grande, que as PECs que tratam do tema nem devem avançar por falta de acordo, mas a “PEC da Shéridan”, como é chamada nos corredores do Congresso, deve ser uma das poucas que devem passar a valer.
Shéridan chegou à vida pública por causa de seu ex-marido José de Anchieta Júnior (PSDB), que foi governador de Roraima. O ex-marido de Shéridan era vice do governador Ottomar Pinto (PSDB), mas o titular do governo morreu em 2007 e Anchieta passou a ocupar o cargo. Primeira-dama de Roraima, Shéridan se dedicou a ações sociais e comandou a Secretaria da Promoção Humana e Desenvolvimento.
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O nome Shéridan foi uma criação de sua mãe Eridan, que queria algo diferente para sua filha, mas que lembrasse o próprio nome. Foi também ideia da mãe o segundo nome da deputada: Estérfany. A parlamentar não esconde que a escolha do nome gerou bullying em sua infância, quando era chamada de “xereta”.
Com nove anos de vida pública, Shéridan só tem 33 de vida. A jovem deputada é mãe de Julia, de 16 anos, e Lara, de 9, e psicóloga de formação. A faculdade frequentou durante o período de Primeira-dama de Roraima, quando também ocupada o cargo de secretária da área social. A parlamentar usa com muita frequência os recursos digitais de sua geração, usa diariamente as redes sociais para apresentar e debater seu trabalho na Câmara e interagir com os eleitores.
A deputada também preside a Comissão dos Direitos das Mulheres na Câmara. E como toda mulher também é vítima do machismo preponderante da Casa. Durante a votação da denúncia de corrupção contra Temer um parlamentar não identificado gritou no microfone “gostosa” quando o nome de Shéridan foi chamado. A parlamentar tenta no Conselho de Ética uma reparação.
Relatando uma proposta que muda as eleições de 2018, Shéridan pretende ficar onde está. Ela vai tentar se reeleger no próximo pleito. “Sou muito nova para tentar Senado”, disse.
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