| Foto: Antônio More/Gazeta do Povo

Sindicatos preparam uma “greve nacional” para a próxima terça-feira (5/12) em protesto contra a reforma da Previdência, que segundo eles “acaba com o direito à aposentadoria dos trabalhadores brasileiros”.

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O objetivo é repetir a estratégia da greve geral de 28 de abril, definida pelos sindicalistas como a maior do país em três décadas: paralisar o transporte coletivo nas principais capitais e, assim, dificultar ou impedir o deslocamento de pessoas rumo ao trabalho.

As manifestações estão marcadas para a véspera da possível votação da reforma da Previdência. Possível pelo menos para o núcleo do governo, que ainda sonha em obter os 308 votos necessários para a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na Câmara dos Deputados.

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Definida na sexta-feira passada (24) em uma reunião de nove centrais sindicais (CUT, UGT, Força Sindical, CTB, Nova Central, Intersindical, CSB, CGTB e CSP-Conlutas), a nova paralisação será a quarta deste ano.

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Depois de abril, as centrais convocaram greves para 30 de junho e 10 de novembro, mas ambas tiveram baixa adesão, em especial de trabalhadores do transporte, que temiam ser multados pela Justiça. Se motoristas e cobradores aderirem em massa desta vez, a greve pode ter mais sucesso. O secretário-geral da Força Sindical, João Carlos Gonçalves, o Juruna, avisou que o objetivo é reforçar a mobilização nesse setor.

Previdência incomoda mais que trabalhista

Outro fator anima os sindicatos: a reforma da Previdência incomoda mais – e, portanto, mobiliza mais – que a trabalhista, já aprovada e em vigor. “A reforma da Previdência atinge muito mais pessoas. Só metade da população economicamente ativa do país está na CLT”, observou Juruna em entrevista à Gazeta do Povo no fim de junho, ao comentar a expectativa de uma mobilização mais baixa naquela paralisação, que era focada na reforma trabalhista.

“Todo brasileiro independentemente da categoria tem motivo de sobra para cruzar os braços e ir às ruas no dia 5 de dezembro. Todos sofremos com o desmonte da Previdência”, disse o secretário-geral da CUT, Sérgio Nobre, em declaração publicada pelo site da central.

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Além de paralisações nas capitais, os sindicatos aprovaram outras iniciativas, como campanhas nas redes sociais para contradizer supostas mentiras do governo sobre a reforma da Previdência, e pressão sobre deputados federais em aeroportos e em seus compromissos públicos.

Nesta quarta-feira (29), às 17 horas, presidentes das centrais sindicais vão se reunir com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), no gabinete dele. Maia defende a reforma, embora admita que no momento o governo está longe de ter os votos necessários para aprová-la.

Reforma não tem apoio da base

As centrais encerram a nota em que anunciaram a mobilização do dia 5 exigindo “que o Congresso Nacional não mexa nos direitos dos trabalhadores”. Talvez nem fosse necessário. Depois de se livrar de duas denúncias de corrupção e aprovar o teto dos gastos públicos e a reforma trabalhista, o presidente Michel Temer não consegue apoio dos partidos da base aliada para votar um projeto tão impopular.

Nesta segunda-feira (27), o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que acredita ser “viável” votar a nova legislação no dia 6 de dezembro. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, também mira essa data, acertada com Temer na semana passada. Mas, em “on” e em “off”, líderes da base afirmam que não há clima para votar a PEC, nem mesmo depois de o governo excluir medidas que afetavam os mais pobres e trabalhadores rurais.

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O governo convidou cerca de 300 deputados para o jantar em que apresentou a versão mais enxuta da reforma da Previdência, mas nem 170 compareceram. E os que foram não se comoveram. “A impressão era que os deputados se perguntavam: ‘Jura que quer aprovar isso agora? Na boca da eleição?’”, disse à Gazeta do Povo um dos comensais.