Carros no pátio do Porto de Paranaguá: exportações estão ajudando a normalizar a economia.| Foto: IvanBueno/APPA

A divulgação do PIB do primeiro trimestre de 2017 era para ser o primeiro sinal de que a recessão acabou. Seria um ponto de inflexão. Pelo menos era a esperança ali por fevereiro, quando a economia parecia sair do buraco. A realidade é um pouco mais difícil do que gostaríamos.

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Olhando a divulgação feita pelo IBGE, só há um número positivo. É o que está em todas as manchetes nesta quinta-feira (01): a economia cresceu 1% no primeiro trimestre, em relação ao quarto trimestre de 2016. As outras três comparações feitas pelo IBGE continuam no vermelho.

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A maioria dos componentes do PIB também estão no vermelho. Você pode observar o PIB por dois lados. Um é o que chamam de demanda, que entendo ser o mais importante porque mostra quem está disposto a gastar ou investir. As famílias (todos nós), o governo e as empresas (pelos investimentos, na verdade) gastaram menos nesse primeiro trimestre do que no último de 2016. O crescimento que apareceu ali em cima, de 1%, veio das exportações, especialmente do agronegócio.

A má notícia é que esse fator deve perder um pouco de fôlego ao longo de 2017, já que as exportações do agronegócio se concentram no início do ano. Houve também um pequeno crescimento da indústria, impulsionada em parte pelas exportações e também por uma recomposição de estoques. Como mostram os dados sobre demanda, é bem improvável que a indústria engrene só com esses dois fatores.

E tem a crise política. Esse é um fator que influencia bastante a propensão das pessoas gastarem e de as empresas investirem. É cedo para dizer como será essa influência, mas podemos ver rapidamente uma reversão nos índices confiança, que até o mês passado estavam subindo para perto da média histórica.

A recessão ainda não acabou, a economia está frágil e a política continua sendo uma fonte de incertezas. Por isso, teremos de esperar mais um pouco para ver a tabela de divulgação do PIB com mais números positivos e que indiquem uma recuperação de verdade.

Quando isso vai acontecer? Mais fácil dizer como: com a manutenção da estabilidade de preços, queda continuada dos juros e melhora da confiança. O Brasil está perto de voltar ao normal, mas é cedo para a comemoração que o governo vai fazer hoje.

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