| Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agencia Brasil

Pouco mais de um mês após ganhar a liberdade, concedida por uma das turmas do STF, o ex-ministro José Dirceu vive uma rotina discreta em Brasília. Com amigos que o tem visitado no apartamento no bairro Sudoeste, o petista conversa de tudo um pouco. Desde a rotina do cárcere, em Pinhais (PR), à conjuntura política do país. Alguns curiosos têm interesse em ver a tornozeleira eletrônica na sua canela, que o petista mostra e ainda explica que precisa carregá-la na energia de vez em quando.

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Sobre os tempos da prisão, ele conta que os condenados na Lava Jato e que estão detidos no Complexo Médico Penal, em Pinhais, estabeleceram uma espécie de pacto: não falam mal quando a comida está fria ou a água do chuveiro está muito gelada. A relação entre eles e os funcionários do sistema carcerário é muito boa. Dirceu também relatou aos amigos, atentos às suas histórias, que os sabonetes levados pelas famílias são repassados a eles picados, em pequenos pedaços. A explicação é que se trata de uma norma e que é fácil introduzir algo como uma gilete, droga ou até um pequeno aparelho eletrônico.

Dirceu estava preso na mesma cela do também ex-deputado Luiz Argôlo, já condenado há quase doze anos de cadeia. Argôlo já pensou em fazer uma colaboração premiada, mas é demovido da ideia por seu pai, o empresário Manoelito Argôlo, que diz não desejar um “delator” na família.

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Dirceu tem reencontrado velho amigos do PT e dos tempos de luta contra a ditadura. Ele discute conjuntura com petistas e, com autorização judicial, visitou a mãe no interior de Minas. O trajeto de 1.030 quilômetros entre Brasília e Passa Quatro (MG) faz de carro. Desde a época do mensalão, ele evita avião. O ex-ministro contou aos amigos que se surpreendeu com algumas abordagens positivas nos locais de parada na viagem.

José Dirceu mostra certa resignação e antevê que corre riscos de voltar à prisão após uma condenação em segunda instância. Ele já sofreu duas condenações na Lava Jato, em decisões do juiz Sérgio Moro, que totalizam 32 anos de prisão.

Ao tratar de política com seus interlocutores, Dirceu fala da necessidade da militância petista voltar para as ruas. Em artigo publicado na Folha de S. Paulo nesta sexta, Dirceu chama de “golpistas” os que derrubaram o governo Dilma Rousseff e afirmou não haver espaço para conciliação. Ele escreveu ainda que a meta é “lutar, resistir e preparar um governo de amplas reformas” em 2018.