O Tribunal de Contas da União impôs prioridade a processos relacionados às liberações de recursos de bancos públicos à JBS. A decisão foi anunciada na quarta-feira, dia 24, pelo ministro Raimundo Carreiro. De acordo com o presidente do TCU, as delações premiadas do grupo, que revelaram diversas fraudes em contratos e financiamentos de instituições estatais, vão ajudar também a esclarecer casos atualmente na pauta do colegiado. As informações são do site do Tribunal de Contas da União.
Os relatos de executivos da JBS ao Ministério Público Federal são pivô da crise política que contaminou profundamente o governo Michel Temer, alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal. O peemedebista foi gravado, em conversa às escondidas, em março deste ano, no Palácio do Jaburu, com um dos donos do grupo, Joesley Batista, na qual ouviu do empresário que o grupo vinha pagando uma mesada de R$ 50 mil ao procurador da força-tarefa da Operação Greenfield (que investiga fraudes nos fundos de pensão) Ângelo Goulart Vilela. Em ação controlada, seu homem de confiança, o deputado afastado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), foi flagrado pela Polícia Federal recebendo uma mala de R$ 500 mil do executivo Ricardo Saud, que seria parte da propina supostamente em benefício do presidente.
Leia também: O crime compensa para os corruptores?
Pesquisa: 76% dos brasileiros gostariam de ver os irmãos Batista na cadeia
Dentre os crimes confessados por empresários da JBS, além das propinas a agentes políticos, também estão irregularidades junto a instituições financeiras públicas. Parte das irregularidades é alvo de processos no TCU, que tem, em seu horizonte, o julgamento de benefícios do BNDES, da Caixa Econômica Federal, do Fundo de Investimentos do FGTS e dos fundos de pensão ao grupo JBS. Os contratos com bancos públicos ainda são alvo das operações Greenfield, Bullish, Sepsis e Cui Bono, cujas investigações também podem embasar questionamentos e decisões do Tribunal de Contas da União.
Durante da sessão do dia 24, o presidente da corte, Raimundo Carreiro, chamou atenção para as vantagens indevidas a agentes públicos e políticos, confessadas pelos dirigentes da JBS. “Se os fatos são verídicos, precisamos identificar as fragilidades de controle que permitiram tão inúmeras operações sem qualquer alerta”, afirmou. A corte, agora, deve fazer um pente fino nas delações premiadas com o fim de identificar informações úteis aos processos em pauta, envolvendo a JBS e instituições financeiras públicas. Segundo o TCU, o presidente Raimundo Carreiro também determinou que, dentro das delações premiadas já realizadas, sejam identificadas informações que possam colaborar com as ações de controle do tribunal.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa da JBS, mas não obteve resposta.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”
Deixe sua opinião