“Eu preciso transferir R$ 3 mil. Você não consegue fazer para mim?”. O pedido, enviado à reportagem da Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (26), partiu de um contato telefônico incomum: do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha. Na semana anterior, solicitação semelhante foi enviada do celular de outro auxiliar do presidente Michel Temer. Em mensagem, o ministro da Secretaria de Governo, Carlos Marun, requeria quantia maior: de R$ 3.800.
Os pedidos de empréstimo não retratam uma crise financeira na cúpula da equipe ministerial. São um golpe cibernético. Os celulares de três ministros, incluindo Osmar Terra, do Desenvolvimento Social, foram clonados por um grupo de estelionatários, que tem pedido dinheiro por mensagens enviadas aos contatos telefônicos registrados no WhatsApp.
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Os pedidos têm o mesmo padrão, com diferenciação apenas nos valores solicitados, e direcionam os depósitos a contas correntes de um mesmo lugar, a mais de 2.000 km de Brasília. O local escolhido é uma agência do Banco do Brasil em Cidade Operária, bairro da periferia de São Luís, no Maranhão.
Para efetuar o golpe, são informadas contas no nome de pessoas diferentes, o que reforça a suspeita repassada ao Palácio do Planalto por agentes policiais de que sejam laranjas.
“Um vigarista entrou no meu WhatsApp e passou a pedir dinheiro aos meus amigos e amigas que me acompanham neste aplicativo. Fornecia uma conta-laranja no Maranhão”, disse Osmar Terra.
Os clones
O clone de Eliseu Padilha procurou a reportagem da Folha de S.Paulo e contou que havia esgotado seu limite de transferência bancária. Pediu o valor e disse que devolveria ao final do dia.
O depósito deveria ser feito na conta corrente de Douglas Martins Diniz. Ao ser perguntado quem era o beneficiário, questionou: “Isso é necessário para você?”, disse, recusando-se a informar o CPF. Após não atender a ligações da reportagem, recuou no golpe: “Já resolvi. Obrigado”, respondeu, bloqueando o contato.
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Quem vem se passando pelo ministro Carlos Marun pediu empréstimo ao deputado federal Marcelo Squassoni (PRB-SP). Ao perceber que se tratava de um golpe, o parlamentar pediu ao golpista que buscasse a quantia em seu gabinete na Câmara dos Deputados, o que levou o clone a também recuar.
Os três ministros fizeram queixas à Superintendência da Polícia Federal em Brasília, que ainda faz apurações preliminares para decidir se abrirá inquérito para apurar o episódio. A reportagem procurou a agência bancária no Maranhão, mas nenhum gerente se pronunciou sobre o assunto.
Em nota, o Banco do Brasil informou que as contas apontadas nas mensagens foram bloqueadas. “O Banco do Brasil informa que está colaborando com as autoridades policiais nas investigações”, disse.
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