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Governador de São Paulo Geraldo Alckmin prega distanciamento do partido do governo Temer já de olho nas eleições de 2018. | Beto Barata/Presidência da República
Governador de São Paulo Geraldo Alckmin prega distanciamento do partido do governo Temer já de olho nas eleições de 2018.| Foto: Beto Barata/Presidência da República

Com o acirramento da pressão interna do PSDB pelo desembarque de seu governo, o presidente Michel Temer admite a saída antecipada dos ministros tucanos e a redistribuição dessas pastas para aplacar a insatisfação de outras siglas da base aliada.

Em conversas com auxiliares nos últimos dias, Temer disse que o rompimento com o PSDB é irreversível e quer aproveitar a saída desses aliados para fazer uma reforma ministerial ampla ainda este ano. Nesse cenário, seriam substituídos os ministros tucanos e outros integrantes do primeiro escalão do governo.

O presidente propôs a líderes governistas nesta quarta-feira (8) a realização dessas trocas em janeiro, mas o centrão – bloco formado por partidos como PP, PR e PTB – rechaçou a oferta e cobrou uma reforma imediata. Temer preferia manter os tucanos em seu governo até abril de 2018, quando 17 ministros deixarão seus cargos para disputar eleições. Ele avaliava que mudanças no primeiro escalão antes disso abririam nova crise na base aliada.

O governo queria evitar o desembarque do PSDB por acreditar que o partido, que comanda quatro ministérios, terá peso na aprovação da agenda de ajustes fiscais e da reforma da Previdência, que tramita no Congresso.

Além disso, os tucanos são considerados um pilar simbólico de sustentação de seu governo junto ao mercado financeiro e ao setor produtivo do país.

Ministros de Temer também queriam conter a saída do PSDB do governo para evitar o crescimento do poder do centrão – que ganhou força quando Eduardo Cunha (PMDB-RJ), hoje preso, chegou à presidência da Câmara, em 2015.

Para conter o rompimento com os tucanos, o Palácio do Planalto fez uma aproximação intensa nos últimos meses com as alas governistas do PSDB – lideradas pelo senador Aécio Neves (MG) e pelos ministros Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo) e Aloysio Nunes (Relações Exteriores).

Desembarque

O governo acreditava que havia conseguido conter o desembarque, apesar das divisões internas dos tucanos. Dos 46 deputados do partido, apenas 20 apoiaram Temer na votação que barrou a segunda denúncia contra o presidente, no fim de outubro.

Temer passou a admitir a saída do PSDB do governo ao observar o fortalecimento das movimentações do partido pelo desembarque e a pressão de partidos do chamado centrão por uma redistribuição dos espaços dos tucanos.

Agora, o Palácio do Planalto entende que a melhor estratégia será aceitar a demissão dos ministros tucanos o quanto antes – possivelmente ainda este ano – para usar esses espaços com o objetivo de evitar a rebelião do centrão.

Boicotes

O governo quer saciar essas siglas para salvar a reforma da Previdência e outros projetos considerados prioritários para o ajuste fiscal proposto pelo governo. O centrão ameaçava boicotar votações no Congresso enquanto não ganhasse mais espaço na Esplanada.

Na avaliação de auxiliares de Temer, o desembarque é considerado inevitável devido à consolidação do senador Tasso Jereissati (CE) na disputa pelo comando do PSDB e do governador Geraldo Alckmin (SP) como virtual candidato à Presidência da República.

Os dois cobram o rompimento com Temer para tentar reduzir a contaminação do PSDB pela impopularidade do governo. O movimento tucano pelo desembarque irrita a cúpula do PMDB, que afirma que o PSDB corre o risco de se isolar no palanque presidencial do ano que vem.

Dirigentes peemedebistas dizem que, nas atuais circunstâncias, o partido se recusará a apoiar a chapa de Alckmin ao Palácio do Planalto no primeiro turno.

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