No seu último ano de mandato, o presidente Michel Temer começa a enfrentar o típico problema do “apagar das luzes”. Quem deseja, afinal, ocupar cargo de ministro a essa altura do campeonato e num governo de popularidade baixíssima? Para assegurar que seus colaboradores o acompanhem até o final, o governo anda fazendo certa exigência: que o escolhido se dedique exclusivamente à pasta, no caso de ministério, e que abra mão de concorrer à reeleição, se for detentor de cargo eletivo, como deputado federal.
A chamada reforma ministerial, que na verdade é a substituição dos que vão disputar eleições em outubro e terão que deixar seus lugares na Esplanada, está apenas começando. E já está dando o que falar. Duas trocas feitas até agora deixam claro que Temer não está montando um "ministério de notáveis". Nenhum governo em "fim de feira" monta mesmo.
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As duas mudanças até agora foram até turbulentas. Carlos Marun teve seu nome especulado por semanas e até meses como sucessor de Antônio Imbassahy na Secretaria de Governo. Mas só virou ministro mesmo tempos depois. Viu seu nome até ser anunciado oficialmente e depois excluído da página do Palácio do Planalto. Foi guindado ao cargo no final do ano passado. E anunciou que não tentará se reeleger deputado. Vai ficar até o fim.
A sucessão no Ministério do Trabalho foi na mesma toada, de incertezas. Dono da vaga, o PTB, primeiro, escolheu o deputado Pedro Fernandes (MA). José Sarney, eminência parda de quase todos os governos pós-ditadura, vetou e Temer atendeu. Surgiu um segundo nome do PTB, o também deputado Sérgio Moraes (RS). Ficou na especulação. Até que apareceu o presidente da legenda, Roberto Jefferson, com o nome da filha, a deputada Cristiane Brasil (RJ), como um achado. Será ministra e também não vai disputar eleição em outubro – “gentilmente” cederá o seu eleitorado para o pai, que já confirmou candidatura.
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Temer tem pelo menos mais dez substituições a fazer no seu ministério. Até início de abril, prazo final da desincompatibilização. E são áreas cobiçadas, como Saúde, Educação e até o mais poderoso deles, o Ministério da Fazenda. O presidente terá dificuldades para escolher esses sucessores. Como precisa de votos para tentar alguma coisa ainda no Congresso esse ano – como aprovar a reforma da Previdência – tem que ceder às pressões dos partidos, que estão longe de fornecerem nomes "notáveis" para tocar a administração pública.
Só quem não acha que Temer terá dificuldades são aqueles que estão com ele faça sol ou chuva. Caso do deputado Darcísio Perondi, um dos vice-líderes do governo. Que deu uma boa definição do que Temer não quer: terminar como José Sarney, que deixou a Presidência e um país quase às ruínas.
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"O presidente Temer é um maestro. Terá a habilidade para trocar os nomes e colocar gente qualificada e que atenda à sua base. Ninguém vai querer abandoná-lo. O ano será de notícias melhores ainda: crescimento de 3% a 4%, desemprego de um dígito, inflação controlada. Não terá um fim de mandato tipo Sarney. De jeito algum", disse Perondi.
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