Enquanto decidia pelo uso das Forças Armadas contra manifestantes na Esplanada dos Ministérios na quarta-feira (24), o ministro da Defesa, Raul Jungmann, assinava uma portaria bem menos enérgica – e com atraso de pelo menos seis anos. O Ministério da Defesa decidiu cassar, com portaria no Diário Oficial, as medalhas de mérito concedidas ao ex-presidente do PT, José Genoíno, e ao ex-presidente do PP, Valdemar Costa Neto.
Neste ano, em 18 de abril, o presidente Michel Temer concedeu o grau de Grão-Mestre da Ordem de Rio Branco a seu assessor especial Rodrigo Rocha Loures, flagrado recebendo R$ 500 mil em propina da JBS. Para manter a regra, Temer terá de retirar a honraria de seu aliado caso ele seja condenado pela Justiça.
A portaria publicada no dia 25 retira do quadro de agraciados com a Medalha da Vitória os nomes de Genoíno e Costa Neto, retroagindo às datas que foram condenados no processo do mensalão do PT. Genoíno perde sua honraria retroativamente a 26 de abril de 2011 e Costa Neto a 9 de maio de 2005.
A Medalha da Vitória é concedida a civis e militares “em reconhecimento à atuação do Brasil em defesa da liberdade e da paz mundial, em especial na Segunda Guerra Mundial; participado de conflitos internacionais na defesa dos interesses do país; integrado missões de paz; e prestado serviços relevantes ou apoiado o Ministério da Defesa no cumprimento de suas missões constitucionais”. Ela foi criada em 2004 pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Essa não é a primeira vez que o governo Temer tira medalhas de mérito de condenados. Em julho de 2016, Genoino, Costa Neto e Roberto Jefferson foram excluídos do rol de agraciados com a Medalha do Pacificador, a mais alta condecoração do Exército.
Nos 12 meses do governo Temer, a lista de medalhas concedidas a civis cresceu bastante. Em 22 de novembro de 2016, a medalha Mérito Tamandaré, a mais alta honraria concedida pela Marinha, foi entregue a mais de uma centena de “personalidades” brasileiras, como o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, e os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Henrique Meirelles (Fazenda), Maurício Quintella (Transportes), Fernando Coelho Filho (Minas e Energia), Leonardo Picciani (Esportes) e Dyogo Oliveira (Planejamento). Governadores de quatro estados, senadores e deputados também foram agraciados.
Em 18 de abril, Temer concedeu a qualidade de “Grão-Mestre da Ordem de Rio Branco” para os presidentes da Câmara e do Senado, além de 16 ministros.
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