“Horrorizado” com a “a ação criminosa” de manifestantes que atearam fogo no Ministério da Agricultura com os funcionários lá dentro, e muitos destes servidores telefonando, “desesperados”, para os gabinetes do Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer decidiu decretar o emprego de homens das Forças Armadas para “conter a barbárie”.
Em reunião de emergência em seu gabinete, Temer, que já havia ouvido as preocupações do presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), decidiu que as tropas federais deveriam ser imediatamente empregadas para “garantir a segurança das pessoas que estavam ameaças” e do “patrimônio público que estava sendo destruído pelos manifestantes”, “já que a Polícia Militar do Distrito Federal “não conseguiu conter os protestos”. A atuação do governo do Distrito Federal foi muito criticada no Planalto.
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Segundo o ministro da Defesa, Raul Jungmann, Temer decidiu pelo emprego das Forças Armadas “diante da gravidade da situação e porque a Força Nacional não tem homens suficientes para proteger tantos prédios de imediato e a vida das pessoas”. Por tudo isso, emendou, houve a necessidade de decretar o uso das tropas, entre 24 e 31 de maio, para a Garantia da Lei e da Ordem (GLO).
Jungmann lembrou que esse mesmo instrumento foi usado nas Olimpíadas, Copa do Mundo, no Rio de Janeiro, por várias vezes, no Rio Grande do Norte, por duas vezes e em Pernambuco. Jungmann ressaltou ainda que a Polícia Militar do DF não conteve a confusão. “As pessoas estavam encurraladas e com ameaça às suas vidas”, declarou ele.
Com o agravamento da situação na Esplanada dos Ministérios, uma reunião de emergência foi convocada por Temer, que conversou com Rodrigo Maia, que havia lhe telefonado falando de sua preocupação com a segurança da Câmara. A decisão de Temer pela GLO foi tensa e, para optar pelo caminho “mais difícil”, o presidente ouviu opinião de pelo menos cinco ministros. “Foi uma decisão muito difícil”, comentou um consultado por Temer. O ponto crucial para o presidente Temer na tomada da decisão foi a notícia de que os manifestantes colocaram fogo em prédios com pessoas dentro, aterrorizando-as.
Contingente de 1.500 homens
A operação desencadeada prevê que as tropas federais fiquem nas ruas protegendo os prédios da Esplanada dos Ministérios. Inicialmente serão 1.500 militares, sendo 1.300 do Exército e 200 da Marinha. O pedido inicial de Maia, de reforço à segurança, que poderia ser por meio da Força Nacional, era inviável, porque não existiam homens suficientes disponíveis da Força Nacional. Desde às 14h30, quando a situação começou a ficar crítica, o Palácio do Planalto orientou os ministérios a serem esvaziados para proteger as pessoas.
O ministro da Defesa, Raul Jungmann, disse à reportagem que o objetivo do governo foi proteger pessoas e prédios públicos, que estavam sendo destruídos e ameaçados .”O Exército vai proteger os prédios”, disse o ministro, ao explicar que as Forças Armadas irão atuar em conjunto com a Polícia Militar do DF, mas sob o comando do Exército.
“A Polícia Militar não conseguiu conter os protestos e a destruição”, informou à reportagem o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Sérgio Etchegoyen. “No Ministério da Agricultura as pessoas estavam aterrorizadas, se sentindo ameaçadas”, emendou o general, ao esclarecer que as tropas federais vão guarnecer os prédios públicos e, do lado de fora, a Polícia Militar do DF vai trabalhar na segurança pública, fazendo o seu papel. Avisou ainda que o governo quer identificar os “delinquentes” para tomar medidas legais contra eles.
Após “repudiar” a violência na manifestação, Etchegoyen desabafou acrescentando que “é inaceitável colocar fogo em um prédio com pessoas dentro”. “Foram atos de delinquentes”, prosseguiu o ministro do GSI.
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