O empresário Joesley Batista, um dos donos do grupo JBS, disse à revista Época que o presidente Michel Temer (PMDB) é o líder da “maior e mais perigosa organização criminosa do Brasil”. A entrevista à publicação foi a primeira dada por ele desde que voltou ao Brasil depois de um período no exterior. Batista saiu do país depois de fechar uma delação que estremeceu o governo do peemedebista e voltou nesta semana.
Na organização criminosa liderada por Temer, Joesley também inclui Eduardo Cunha (ex-presidente da Câmara, preso em Curitiba), Geddel Vieira Lima (ex-ministro de Temer, que caiu por acusações de corrupção), Henrique Eduardo Alves (ex-ministro de Temer, preso no começo de junho), Eliseu Padilha (ministro-chefe da Casa Civil) e Moreira Franco (ministro da Secretaria-Geral da Presidência). O dono da JBS os descreve como “turma” que é “muito perigosa”, ressaltando que nunca teve coragem de brigar com eles e que, caso se “baixe a guarda”, eles “não têm limites”.
LEIA MAIS: Lava Jato tem que “explodir sistema político” brasileiro, diz advogado de Youssef
À Época, Joesley descreveu Temer como uma pessoa que “não tem muita cerimônia” para tratar de dinheiro. A relação entre os dois, segundo o empresário, começou em 2010 e sempre esteve vinculada a verba de campanha e a favores. O dono da JBS disse que o presidente é um dos políticos que acredita que apenas ocupar um cargo “já o habilita a você ficar devendo favores a ele”.
Na entrevista, o empresário ainda detalhou como foi feito o acordo para comprar o silêncio de Cunha e de seu operador, o doleiro Lúcio Funaro, que também está preso em investigações da Operação Lava Jato. Este esquema consta no áudio gravado por Joesley e que jogou o governo Temer contra as cordas, quando o presidente foi flagrado assentindo ao acerto. O dono da JBS deu nomes dos mensageiros e disse que, com o dinheiro entrando, o ex-presidente da Câmara e seu operador sempre o tranquilizavam, dizendo que ele não seria delatado. Ambos também diziam, de acordo com Joesley, que o dinheiro era para sustentar as famílias.
LEIA MAIS: Cunha contrata novo advogado que tem delação premiada no currículo
O esquema para garantir o silêncio dos dois também era informado periodicamente ao mensageiro de Temer, Geddel Vieira Lima. O empresário disse que era procurado a todo momento pelo ex-ministro, pois o presidente “sabia de tudo” e estava preocupado. “Quem estava incumbido de manter Eduardo e Lúcio calmos era eu”, afirmou.
O empresário também relacionou a corrupção aos governos do PT. Segundo ele, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o PT “institucionalizaram a corrupção” no Brasil. O modelo teria sido imitado por outros partidos nos últimos 15 anos, fazendo com que a propina fosse lugar-comum na relação com ministérios, bancos e fundos de pensão.
“Foi no governo do PT para a frente. O Lula e o PT institucionalizaram a corrupção. Houve essa criação de núcleos, com divisão de tarefas entre os integrantes, em Estados, ministérios, fundos de pensão, bancos, BNDES. O resultado é que hoje o Estado brasileiro está dominado por organizações criminosas. O modelo do PT foi reproduzido por outros partidos”.
A relação com o PT, segundo Joesley, era feita através do ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega. Com Lula, não teria havido conversas sobre propina. O PT seria o partido com o maior saldo de propinas.
Moraes eleva confusão de papéis ao ápice em investigação sobre suposto golpe
Indiciamento de Bolsonaro é novo teste para a democracia
Países da Europa estão se preparando para lidar com eventual avanço de Putin sobre o continente
Ataque de Israel em Beirute deixa ao menos 11 mortos; líder do Hezbollah era alvo