Michel Temer é o segundo ex-presidente da história brasileira preso por causa de investigação penal. O petista Luiz Inácio Lula da Silva foi o primeiro. Lula, contudo, foi encarcerado após condenação em segunda instância por corrupção e lavagem de dinheiro no processo do tríplex do Guarujá (SP). Temer não foi condenado em nenhum processo; sua prisão é preventiva para garantir a continuidade das investigações contra ele.
Na história republicana, outros seis ex-presidentes chegaram a ser presos. Mas não por crime penal. E sim por acusações políticos, em meio a crises e golpes. O próprio Lula foi preso em outra ocasião, em 1980, pela ditadura militar. Mas, à época, ele nem mesmo era político; e sim líder sindical.
Caso mais parecido ocorreu em 1922
O caso que mais se aproxima das prisões de Temer e Lula ocorreu há quase 97 anos. Em julho de 1922, o marechal Hermes da Fonseca, que havia comandado o país de 1910 a 1914, teve a prisão decretada pelo então presidente Epitácio Pessoa. Hermes da Fonseca era presidente do Clube Militar e contestou a repressão do governo contra grupos insatisfeitos com a eleição de Artur Bernardes para a Presidência.
Após sofrer um infarto, Hermes da Fonseca foi libertado. Mas voltou a ser preso dias depois, com a revolta de militares no Forte de Copacabana, no Rio de Janeiro. Epitácio Pessoa decretou estado de sítio. Hermes voltaria a ser libertado após um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) em janeiro de 1923. Doente, morreria em setembro daquele ano.
Outras prisões de ex-presidentes
O governo de Getúlio Vargas coleciona dois ex-presidentes presos. O primeiro foi Washington Luís. Deposto pela Revolução de 1930, ele foi preso. E, depois, partiu para o exílio. Já Artur Bernardes perdeu a liberdades duas vezes. Primeiro, em 1932, ao apoiar a Revolução Constitucionalista – que se opunha ao governo Vargas. Depois, em 1939, depiois que Getúlio instituiu a ditadura do Estado Novo.
Já Café Filho (1954-1955) ficou preso, incomunicável, em seu apartamento, antes de ter seu impedimento votado pelo Congresso durante a crise que precedeu a posse de Juscelino Kubitschek.
Com direitos políticos cassados pela ditadura iniciada em 1964, Juscelino Kubitschek foi aprisionado em um quartel após a edição do Ato Institucional n.º5 (AI-5), em 1968, que endureceu o regime. Em seguida, passou um mês em prisão domiciliar.
Jânio Quadros foi outro detido naquele ano, ainda antes do AI-5, por ter feito críticas ao regime militar. Por ordem do governo, ficou temporariamente “confinado” em Corumbá (MS).
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