Em Belo Horizonte para participar do ato Minas Pelas Diretas Já e do 55.º Congresso da União Nacional dos Estudantes (UNE), o pré-candidato à Presidência Ciro Gomes (PDT) afirmou ser improvável que o presidente Michel Temer (PMDB) não conclua o mandato.
“Ele representa organicamente o centro do poder real no Brasil, e ele está fazendo o que pode e o que não pode. Eu o conheço, ele não tem escrúpulos, ele é um grande canalha. Está espionando ministro do Supremo com a Abin, está perseguindo adversários e isso está funcionando”, disse.
Em fala à imprensa durante o congresso, Ciro foi questionado sobre sua candidatura e afirmou que isso não está garantido. “É muito cedo, eu propus aqui que a gente debatesse o Brasil. Entrarei com a minha proposta e, nessa hora, pedirei as simpatias, mas agora não é hora de dividir, é hora de somar.”
Ele prega que os partidos de esquerda se unam para derrubar Temer e deixem para se dividir em “julho de 2018”, às vésperas da eleição.
A respeito da realização de eleições diretas – que demandaria mudança na Constituição –, Ciro disse que seria “bom ter a mão do povo limpando a área, mas eu não acredito muito que isso aconteça”.
Ciro ainda se posicionou contrário a uma nova candidatura do ex-presidente Lula. “Ele desserve ao Brasil e a sua própria biografia se ele não ajudar a construir uma passagem para um novo projeto. Na hora que ele entrar, o Brasil se divide numa reflexão odienta e apaixonada ao redor dele.”
Ciro responsabilizou Lula por ter colocado Temer na linha de sucessão e por ter indicado Dilma Rousseff, “uma pessoa sem experiência e que acabou se vulnerando a esse golpe”. “Porque [Lula] ficou tão poderoso, tão dono da verdade, que não ouviu mais ninguém”, completou.
Farsa ou tragédia
Em fala aos estudantes, Ciro lembrou que Lula pediu o impeachment de Fernando Henrique Cardoso a Temer, então presidente da Câmara, em 1999, e afirmou que desaprovou a atitude. “Remédio pra governo ruim não é impeachment. Quando a gente repete a história é como farsa ou tragédia”, disse.
“Eu disse: Lula, não faça isso. Numa democracia verde como a nossa, se a gente legitimar esse caminho, na próxima que um de nós estiver no poder, eles vão fazer, com a diferença que eles tem a mídia e o poder econômico.”
“O que segura o país é o consenso ao redor de estruturas e não esses oportunismos de conveniência. Um dia a gente usa contra eles e perde a autoridade moral quando vierem usar contra nós”, completou.
Em outro momento, voltou a afirmar que a história brasileira adora se repetir, ao lembrar que Fernando Collor se elegeu com a promessa de moralizar o país. “O [João] Doria [PSDB] é a tentativa deles, mas ele é tão fraquinho que vão ter que inventar outro. Daqui até dezembro ele morreu.”
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