Em depoimento prestado à Justiça Eleitoral, o marqueteiro João Santana afirmou que Michel Temer, então candidato a vice-presidente, “encheu o saco” para participar de programas no horário eleitoral ao lado de Dilma Rousseff. O publicitário, no entanto, disse ao ministro Herman Benjamin que o peemedebista não somava à campanha, inclusive tirando votos da chapa, alvo de uma ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
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Segundo o jornal O Estado de S. Paulo apurou, Santana afirmou em depoimento prestado na última segunda-feira (24) que até mesmo Dilma Rousseff pediu para que ele colocasse Temer no programa porque o peemedebista “estava enchendo o saco”.
“Dilma e Temer nunca tiveram uma boa relação”, afirmou Santana, ressaltando que o peemedebista não era o vice dos sonhos da petista nem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Imagem “satânica”
O marqueteiro contou que resolveu abrir o jogo para Temer: contou para o vice que a sua imagem era negativa, conforme a percepção de grupos de pessoas entrevistadas pelo comitê ao longo da campanha eleitoral. A imagem do hoje presidente seria associada ao satanismo entre eleitores das Regiões Sul e Sudeste.
João Santana ainda informou Herman Benjamin e os advogados presentes ao depoimento que é pouco comum o cabeça de chapa ser beneficiado com votos conquistados pelo vice, que teria pouca importância no sistema presidencialista.
Pressão
Temer também teria convidado João Santana para trabalhar em uma campanha eleitoral no Haiti, em 2015, fazendo insistentes pedidos para que o marqueteiro topasse a empreitada. “Uma pressão amigável”, definiu o marqueteiro.
Mesmo diante da negativa de Santana, Temer teria pedido que o publicitário reconsiderasse a decisão. Santana não soube fornecer no depoimento o nome do candidato para o qual trabalharia no Haiti.
Defesas
Consultada pela reportagem, a assessoria do presidente Michel Temer não quis comentar o assunto.
A defesa de Santana reiterou o “compromisso de colaborar com a Justiça” e lembrou que os depoimentos prestados “permanecem em sigilo”. A Odebrecht informou que está colaborando com a Justiça.
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