Em uma semana que seria para celebrar o alívio de ter escapado duas vezes de denúncias do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot – ainda que ao preço que foi – o presidente Michel Temer, além do incômodo da próstata, se viu encalacrado nos últimos dias por atos de dois de seus ministros. Atos trapalhões. E o presidente, dessa vez, não teve nenhuma responsabilidade.
Primeiro, foram as declarações do ministro Torquato Jardim (Justiça) sobre segurança pública no Rio de Janeiro. Associou os comandos dos batalhões da Polícia Militar ao crime organizado que domina a cidade, sem apresentar provas. Gerou desconforto para o Planalto, que, inteligente, preferiu o silêncio. Foi cobrado para repreender Torquato, mas não o fez. Não publicamente.
Quando parecia que a semana, bem mais curta por causa do feriado de Finados, fosse acabar sem maiores pesadelos, surge a notícia de que a ministra Luislinda Valois (Direitos Humanos) estava queixosa de seu salário de R$ 33 mil. Queria quase o dobro: algo acima dos R$ 61 mil. E comparou sua situação à de um “escravo”.
OPINIÃO: Quem sofre mais: a ministra ‘escrava’, o servidor coitado ou o brasileiro comum?
Reclamou à Casa Civil que seu soldo era insuficiente para despesas gerais como alimentação, bebida, perfume e calçado entre outros itens. Luislinda tem reconhecida sua atuação em causas que envolvem questões raciais. Chegou a desembargadora. Não foi fácil. Mas, justo da titular dos Direitos Humanos, não se esperava esse tipo de queixume.
Quem são Torquato e Luislinda?
Torquato e Luislinda não são ministros que estejam brilhando, de condução exitosa. Mas quem brilha nesse governo? É preciso registrar que os resultados na economia estão aparecendo, sim. Mérito para essa turma, então.
Torquato virou ministro numa manobra estranha, que derrubou o deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) do cargo. Experiente em tribunais superiores e conhecedor do mundo jurídico, foi visto como alguém para ser o anteparo para Temer nas denúncias que viriam. Não foi. As denúncias vieram.
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Luislinda virou ministra quando o governo de Temer, recém-empossado, foi para o paredão acusado de nascer ali uma gestão de homens, brancos e bem nascidos. Precisava de mulher. Ele recriou o Ministério dos Direitos Humanos e escalou Laislinda para o cargo. Mas ela não disse a que veio. Não se manifestou contra a portaria que flexibilizou o conceito de trabalho escravo. Vai se manifestar sobre o quê então?
Diante desses fatos isolados de dois de seus comandados, Temer deve ter posto a mão na cabeça, na convalescença de um procedimento cirúrgico, e perguntado o que fez para merecer isso nesse momento. Bem, antes esse tipo de drama a resolver do que malas com R$ 51 milhões do ex-ministro Geddel Vieira Lima, ainda inexplicados.
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