O ex-presidente Michel Temer (MDB) se reservou ao direito de ficar em silêncio em depoimento à Polícia Federal nesta sexta-feira (22). O emedebista está preso desde o dia anterior, na sede da PF do Rio, no âmbito da Operação Descontaminação, braço da Lava Jato no Estado. O desembargador do Tribunal Regional Federal da 2ª Região, Antonio Ivan Athié, determinou a inclusão do pedido de liminar de liberdade do ex-presidente na pauta da quarta-feira (27), quando a 1ª Turma Especializada julgará os pedidos de habeas corpus feitos pela defesa dele e também as de seu ex-ministro Wellington Moreira Franco e de seu amigo João Baptista Lima Filho, o coronel Lima.
Seus advogados tentavam evitar que Temer, preso de forma preventiva (sem julgamento e por prazo indeterminado) após mandado expedido pelo juiz Marcelo Bretas, depusesse. A defesa informou que ele não falaria, e na sala em que está detido o emedebista permaneceu.
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Já Moreira Franco não escolheu o silêncio como estratégia de defesa. Ele respondeu às perguntas da PF e, segundo seu advogado, Antonio Sérgio de Moraes Pitombo, “evidenciou ponto a ponto como as conjecturas são absurdas”.
Segundo a procuradora Fabiana Schneider, “ele negou ter pedido propina, prestou esclarecimentos e deu a sua versão dos fatos. Chegou a reconhecer que Temer disse que Lima cuidava da Argeplan em mais de uma ocasião”.
O Ministério Público liga o grupo de Michel Temer a desvios de até R$ 1,8 bilhão, numa operação que teve como foco um contrato firmado entre a Eletronuclear e as empresas Argeplan (do coronel Lima), AF Consult e Engevix.
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Temer, Moreira Franco e o coronel Lima serão denunciados na semana que vem por corrupção, lavagem de dinheiro e peculato, de acordo com a Procuradoria. O ex-presidente responderá como chefe da suposta organização criminosa.
Temer é o único preso na sede carioca da PF, numa sala com três ambientes, incluindo banheiro privativo – os outros dois estão no Batalhão Especial Prisional em Niterói, onde têm como companheiro de cárcere o ex-governador Luiz Fernando Pezão.
O cômodo de Temer, que já funcionou como escritório do corregedor da PF, foi totalmente lacrado para receber o ex-chefe de Estado que virou prisioneiro. As janelas foram cobertas com película negra, de modo que não é possível ver o que se passa dentro do aposento. Elas também foram vedadas com chumbo derretido, para impedir eventual fuga.
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Temer recebeu duas visitas: a de seu ex-ministro Carlos Marun, um dos fiéis escudeiros de seu governo, e a do advogado Antonio Cláudio Mariz de Oliveira, que já o defendeu no passado, mas diz ter ido à PF nesta sexta na condição “de amigo, para dar um abraço”. Segundo Mariz de Oliveira, Temer “está triste e aborrecido, mas tem muita esperança na Justiça”.
Para o criminalista, que, como Temer, foi secretário de Segurança paulista nos anos 1990, é um absurdo que a decisão se baseie “em acusações nas quais ele não foi ouvido”. Seria como os pais aplicaram um castigo antes de perguntarem em casa se o filho fez algo errado, comparou em conversa com jornalistas, na porta da superintendência.
Ele diz que o amigo está sendo “muito bem tratado” pela polícia, mas que “gostaria de sair hoje, gostaria de não ter sido preso”.
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