O presidente Michel Temer quer evitar que sejam gravadas suas conversas e reuniões. Ao invés de cumprir com promessa feita em 2016 de gravar oficialmente todas as suas conversas, Temer vai na direção oposta e instala em seu gabinete um equipamento que torna incompreensíveis as conversas gravadas, conhecido como misturador de voz. O Gabinete de Segurança Institucional (GSI) não negou que o equipamento tenha sido instalado e afirmou apenas que “não irá se manifestar” sobre o assunto.
O equipamento emite uma frequência sonora inaudível ao ouvido humano, mas que interfere em equipamentos eletrônicos, inviabilizando gravações e tornando-as incompreensíveis.
Em março, Temer foi gravado pelo empresário Joesley Batista. Porém, ao menos que tenha instalado equipamentos misturadores de voz em sua residência, a medida tomada por Temer teria sido inútil em evitar a atual crise política, deflagrada com a delação de Joesley. A reunião com o empresário aconteceu fora da agenda oficial e no Palácio do Jaburu, algo questionado pela opinião pública e especialistas.
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A instalação de escutas em gabinetes e telefones, de forma ilegal, tem sido alvo de questionamentos em Brasília. Circularam boatos de que ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e outras autoridades seriam alvo de escutas, o que não foi comprovado.
No ano passado, em novembro, Temer teve uma conversa telefônica gravada pelo então ministro da Cultura, Marcelo Calero. A revelação das escutas levou à queda do ex-ministro Geddel Vieira Lima.
Na ocasião, o presidente afirmou que estudaria pedir ao GSI que passasse a gravar todas as audiências oficiais. “Aproveitando essa gravação clandestina, talvez façamos desse limão uma limonada institucional”, disse. Porém, oito meses depois, Temer segue na direção contrária e opta por estragar gravações que venham a ser feitas com gravadores escondidos.
Defesa de Temer pede urgência no acesso aos áudios de gravador de Joesley
Advogados de Temer fizeram um segundo pedido ao STF para terem acesso a sete áudios que foram recuperados do gravador de Joesley Batista durante o trabalho do Instituto Nacional de Criminalística (INC).
A defesa aponta urgência diante da proximidade da votação, na Câmara dos Deputados, prevista para o início de agosto, em que os deputados federais decidirão se autorizam ou não ao Supremo analisar a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra Temer pelo crime de corrupção passiva junto com o ex-deputado federal Rodrigo Rocha Loures.
Como o relator do caso é Edson Fachin, mas o período é de recesso judiciário, o pedido deverá ser analisado pela presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia. Para justificar a urgência, os advogados registram que o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), anunciou a votação para o dia 2 de agosto. Eles pedem que os áudios sejam enviados imediatamente, antes mesmo de a PGR devolver os autos do processo ao STF.
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