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| Foto: José Cruz/Agência Brasil

Líderes da base aliada têm repetido que, antes de buscar votos no Congresso, o governo precisa convencer a sociedade da importância de uma reforma da Previdência. E o que Michel Temer vai fazer? Lançará a nova versão da reforma num jantar para cerca de 300 deputados.

Os parlamentares vão conhecer a nova legislação em primeira mão, enquanto saboreiam a boca-livre. Lá pelas 22 horas, quando estiverem satisfeitos, um deles – provavelmente o relator da reforma na Câmara, Arthur Maia (PPS-BA) – deve ir ao encontro de repórteres, na frente do palácio, e apresentar as novidades em entrevista coletiva.

Só quando os jornalistas começarem a transmitir suas informações é que a principal interessada – a população, que por sinal pagará o jantar – ficará sabendo do que muda em sua aposentadoria. Ou melhor, do que talvez mude, porque, conforme o próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia, o governo ainda está muito longe de conseguir os 308 votos necessários para aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) na Casa.

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O governo talvez considere estar sendo transparente ao afirmar, em campanha publicitária bancada pelo contribuinte, que vai combater os privilégios na Previdência. Não está, porque a campanha não informa o que vai mudar, nem como.

Temer também não está sendo transparente ao enviar um emissário para repassar informações de segunda mão à imprensa tarde da noite, quando boa parte do público interessado já foi dormir, pois acorda cedo para o trabalho no dia seguinte.

Aqui cabe a pergunta: por que o presidente insiste em concentrar no período noturno tantas atividades de interesse público, como encontros com empresários e autoridades, jantares com congressistas e anúncios de reformas?

A luz do sol, como se sabe, é ótimo desinfetante. Reforma da Previdência é coisa para ser apresentada durante o dia, com transmissão ao vivo pela tevê oficial e informações claras e em primeira mão para todos, e não apenas para o deputado que pede cargo ou o jornalista com livre trânsito nos corredores palacianos.

Quando dizem que Temer precisa convencer a sociedade, os políticos estão, antes de mais nada, empurrando a responsabilidade adiante para não se indispor com o eleitor às vésperas de 2018. Mas eles têm sua dose de razão.

A primeira versão da reforma da Previdência foi enviada ao Congresso há onze meses e até agora Michel Temer e sua equipe falaram muito a parlamentares e ao mercado financeiro. Mas foram incapazes de se comunicar adequadamente com quem importa.

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