Logo que o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou o envio da segunda denúncia de Rodrigo Janot contra Michel Temer para a Câmara, em 20 de setembro, o presidente tratou de intensificar o corpo a corpo com os deputados que decidirão seu futuro. De lá para cá, em quinze dias, Temer recebeu 120 deputados em audiências no seu gabinete, no terceiro andar do Palácio do Planalto.
INFOGRÁFICO: Veja os nomes de todos os deputados que se encontraram com Temer
Os dados, tabulados pela Gazeta do Povo, constam da agenda oficial do próprio presidente. Muitos deputados foram duas e até três vezes, o que eleva esse número para 174 audiências de Temer com parlamentares. Nesse período, o recorde na agenda presidencial registra o encontro com 33 deputados, durante todo o dia, em 18 de outubro. E foram 32 parlamentares no gabinete presidencial em 3 de outubro.
O chamado "Centrão", formado por partidos satélites da base mas que andam insatisfeitos com o tratamento dispensado pelo governo, não tem do que reclamar. Desse grupo, o presidente ouviu pedidos, indicações para cargos, liberação de obras e emendas de 78 deputados, entre os quais 19 do PP, 12 do PR e 11 do PSD.
A grande maioria desses 120 deputados votou a favor de Temer na primeira denúncia no plenário. Apenas quatro votaram contra Temer e foram lá se encontrar com o presidente agora: Eros Biondini (PROS-MG), George Hilton (PP-MG), Luiz Carlos Heinze (PP-RS) e César Halum (PRB-TO), que até levou uma comitiva de prefeitos para se encontrar e tirar fotos com Temer, em 17 de outubro.
O presidente quer segurar os votos que obteve e, se possível, virar alguns. A contagem está sendo deputado a deputado e a previsão é que Temer terá apoio menor nesta segunda votação, ainda que salvará seu mandato.
Muitos parlamentares postam as imagens do encontro com Temer em suas redes sociais. A deputada Raquel Muniz (PSD-MG), segundo a agenda de Temer, esteve quatro vezes com o presidente em menos de um mês. Ela postou foto ao lado do presidente e afirmou que foi lá buscar recursos para sua região. Mauro Pereira (PMDB-RS), dos mais ferrenhos governistas e anti-petista, gosta de exibir seus encontros com Temer nas suas redes. Ele foi outro que levou um grupo de prefeitos de sua base eleitoral para se conhecer o Palácio e o presidente.
Esse tipo de evento aparece na própria agenda. Caso de Giacobo (PR-PR): "foto com Giacobo e Santin Roveda, prefeito de União da Vitória (PR)", em 11 outubro.
Entre os recebidos por Temer está Aníbal Gomes (PMDB-AL), deputado ligadíssimo ao senador Renan Calheiros (PMDB-AL), hoje desafeto do presidente, e que está envolvido nas investigações da Lava Jato. Não é o único investigado nessa operação a ser atendido pelo presidente. Luiz Fernando Faria (PP-MG), também enrolado no caso, foi recebido por Temer nesse período. Três vezes.
Para os aliados do presidente essa romaria no seu gabinete não é defeito, mas virtude. "Isso é um sinal de que o presidente, como todo mundo sabe, é um homem do diálogo e de fácil acesso. Ao contrário da ex-presidente que tínhamos aí (Dilma)", disse Carlos Marun (PMDB-MS), um dos maiores defensores de Temer na Câmara, como foi de Eduardo Cunha.
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