Joesley Batista gravou Michel Temer e sua delação serviu de base para a denúncia da Procuradoria-Geral da República contra o presidente.| Foto: Ayrton Vignola/Estadão Conteúdo

O presidente Michel Temer reuniu ministros e aliados no Palácio do Jaburu neste sábado (9), um dia após o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pedir a prisão dos delatores da JBS Joesley Batista e Ricardo Saud, e do ex-procurador Marcello Miller. Participaram de almoço com o peemedebista os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral), Torquato Jardim (Justiça), Henrique Meirelles (Fazenda) e Helder Barbalho (Integração Nacional). Também estão presentes os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do Senado, Eunicio Oliveira (PMDB-CE), além do deputado Heráclito Fortes (PSB-PI). Os participantes são os mesmos que confraternizaram com Temer na última quinta-feira (7), quando Maia ofereceu um almoço na residência oficial da Câmara após o desfile de 7 de Setembro.

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O encontro deste sábado ocorre em meio à expectativa de que o ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), decida sobre um pedido de prisão dos delatores e do ex-procurador. Na noite de sexta-feira (8), Janot pediu o encarceramento dos três depois de ouvi-los entre quinta e sexta. Na última segunda-feira (4), o procurador-geral anunciou a abertura de investigação para apurar possíveis irregularidades nas negociações da colaboração firmada com o Ministério Público.

O centro da crise é uma gravação, datada de 17 de março, em que Joesley e Saud indicam possível atuação de Miller no acordo de delação quando ainda era procurador – ele deixou o cargo oficialmente em 5 de abril. O áudio foi entregue pelos delatores no dia 31 de agosto. Para a equipe de Janot, houve patente descumprimento de dois pontos de uma cláusula do acordo de delação que tratam de omissão de má-fé, o que justificaria rever os benefícios.

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Joesley alega que foi apresentado a Miller por Francisco de Assis e Silva, advogado da empresa e também delator, porque estava à procura de alguém para a área de anticorrupção da empresa. Os delatores argumentam que apenas consultaram Miller em linhas gerais sobre o processo de delação e que acreditavam que ele já havia saído da PGR. O ex-procurador pediu o desligamento do Ministério Público Federal no dia 23 de fevereiro, mas a saída foi oficializada em 5 de abril.

Temer, que foi alvo de uma denúncia com base na delação da JBS, pediu ao STF que as acusações contra ele sejam suspensas até que as suspeitas envolvendo os delatores sejam solucionadas. Fachin, relator do caso, decidiu apresentar o pedido ao plenário da corte, que deve analisar o tema na próxima quarta-feira (13).