DIN vem para unificar todos os documento, como o Cadastro Nacional de Pessoa Física, o CPF, em um só.| Foto: Arquivo/Gazeta do Povo

O presidente Michel Temer (PMDB) sancionou nesta quinta-feira (11) a lei que cria a Identificação Civil Nacional (ICN), permitindo a produção de um novo documento que reúna informações presentes no Registro Geral (RG), Cadastro de Pessoa Física (CPF) e no título de eleitor. Na prática, o ICN será um grande banco de dados que vai ajudar a reduzir a burocracia envolvendo múltiplos documentos, já que tudo será concentrado em apenas um, o Documento de Identificação Nacional, o DIN.

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No entanto, Temer vetou três pontos do projeto original. O primeiro deles acaba com a gratuidade na produção do DIN. Inicialmente, a proposta previa que o cidadão poderia pedir a primeira via do novo documento sem qualquer custo. No entanto, o governo considerou a ideia inviável, já que a alta demanda iria pesar nos cofres públicos. Outro veto parecido foi do artigo que limitava a produção do DIN apenas pela Casa da Moeda,o que sobrecarregaria o órgão. Já a última derrubada retira a punição para quem vendesse informações do banco de dados sob a alegação de que não há tipificação penal para isso.

A ideia de criar um documento unificado visa exatamente evitar que o cidadão tenha de se preocupar com diferentes números e cartões. Todo esse conteúdo será gerido pelo Tribunal Superior Eleitoral, que já armazena cerca de 80 milhões de dados biométricos , mas outras instituições ligadas ao governo também poderão acessar esse material.

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A adoção do novo documento será feita de maneira gradual à medida que o cidadão solicite a renovação de sua carteira de identidade. A estimativa é que o DIN só passará a valer em definitivo a partir de 2021, quando se acredita que a base de dados do TSE estará finalizada. Enquanto isso não acontece, os documentos atuais continuam valendo.

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Projeto passou por três presidentes

Embora tenha sido aprovada no Senado somente no dia 11 de abril deste ano, o debate em torno da criação de um documento de identidade unificado é algo antigo. De certo modo, é possível dizer que o projeto tem tripla paternidade, já que passou pelas mãos de três presidentes antes de chegar à mesa de Michel Temer no modelo que se encontra atualmente.

A base do DIN remonta ao governo de Fernando Henrique Cardoso quando, em 1997, ele sancionou a criação do Registro de Identidade Civil (RIC), que já previa a utilização de um número de identidade único para substituir os demais documentos utilizados. No entanto, o projeto ficou parado por mais de uma década para, somente em 2010, começar a ganhar forma a partir de uma regulamentação proposta pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na época, a adoção do modelo ficou sob responsabilidade do Ministério da Justiça, que pediu para que a Polícia Federal elaborasse um protótipo de como seria esse documento. Contudo, em 2012, o governo Dilma Rousseff decidiu pela reestruturação do projeto, o que acabou atrasando o desenvolvimento do documento por mais alguns anos.

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Foi somente em 2015, após o TSE apresentar uma nova proposta, é que o modelo atual do documento unificado começou a avançar. Batizado de Registro Civil Nacional (RCN), ele saiu da jurisdição do Ministério da Justiça, ganhou forma e foi encaminhado como forma de projeto para a Câmara. E foi apenas no último mês fevereiro que o assunto ressurgiu no parlamento, tendo seu nome alterado para DIN e sendo, em seguida, aprovado nas duas casas do Congresso.