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| Foto: Beto Barata/PR

Alvo da denúncia feita pela Procuradoria-Geral da República (PGR), o presidente Michel Temer promoveu reunião no início da noite desta segunda-feira (26), no Palácio do Planalto, para traçar a estratégia de reação tanto política como jurídica. Temer foi denunciado por corrupção passiva no Supremo Tribunal Federal (STF) após a conclusão da investigação aberta com base nas delações da JBS.

No gabinete presidencial, o peemedebista reuniu ministros, como Moreira Franco (Secretaria-Geral) e Grace Mendonça (Advocacia-Geral da União), e líderes da base aliada, como o senador Romero Jucá (PMDB-RR) e o deputado federal André Moura (PSC-SE).

A avaliação foi de que, apesar de o conteúdo da denúncia ter sido dentro do esperado, ela deprecia a imagem do presidente. Para o Palácio do Planalto, agora, é preciso avaliar o impacto dela junto à opinião pública e como ela será assimilada pela população em geral.

Para evitar que haja contaminação política com o tema , o presidente ordenou que a resposta para a denúncia seja dada pela sua equipe de advogados, não pela equipe ministerial.

Segundo a reportagem apurou, um dos pontos que será contestado pela defesa do presidente é o de associá-lo diretamente à mala de R$ 500 mil recebida da JBS pelo ex-assessor Rodrigo Rocha Loures. Nas palavras de um assessor presidencial, não há como provar que o presidente seria o beneficiário do montante.

Temer acredita que, caso consiga barrar a denúncia no Congresso Nacional, terá condições de sobreviver à atual crise política.

Para ele, com a estratégia do procurador-geral Rodrigo Janot de desmembrar as investigações e apresentar denúncias a conta gotas (Temer ainda deve ser alvo de denúncias por obstrução da Justiça e organização criminosa), ficará claro que Janot tem atuado de maneira parcial na tentativa de apenas desgastar a imagem do presidente.

A ideia do presidente é tentar barrar já na primeira quinzena de julho esta primeira denúncia contra ele. Além de abreviar prazos na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), o Planalto pretende garantir a nomeação de um relator próximo à gestão peemedebista e um placar folgado já na comissão parlamentar pela recusa da denúncia.

A ideia é que o presidente utilize apenas três de dez sessões a que tem direito para apresentar a sua defesa, pressionando o relator a apresentar sua conclusão em também três sessões, e não em cinco previstas.

O Palácio do Planalto trabalha para que o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), indique para a relatoria um parlamentar peemedebista gaúcho: Alceu Moreira ou Jones Martins. Os dois tiveram parte de suas campanhas eleitorais em 2014 financiadas por Michel Temer.

Além disso, a gestão peemedebista defende substituições entre titulares e suplentes na CCJ para garantir a presença de parlamentares combativos que defendam insistentemente o presidente em discursos e discussões. Nesta segunda, o Solidariedade anunciou a substituição do deputado Major Olímpio (SP), crítico do governo Temer, por um nome mais alinhado ao Planalto.

Vice-líder do governo diz que Temer rebaterá denúncia na Câmara

Um dos poucos parlamentares a circular na Câmara nesta segunda-feira, o vice-líder do governo Beto Mansur (PRB-SP) disse que a formalização da denúncia contra Temer dará a oportunidade para que ele se defenda.

Mansur reiterou que a base governista atuará para que a apreciação do pedido da PGR seja célere. “Queremos rapidez na decisão dessa denúncia para que a gente possa tocar as propostas que são importantes para reativar a economia do Brasil”, declarou. O deputado disse considerar natural que a oposição fale em “denúncia consistente” e afirmou que Temer está “esperançoso” e “ansioso” para se defender no processo.

Sem conhecer detalhes da denúncia, Mansur disse considerar difícil que a oposição reúna 342 votos para aprovar a denúncia. “Não acredito que seja um momento frágil (do governo)”, desconversou. O deputado reforçou que Temer precisa agora de “um tempo” para se defender das acusações.

Mansur enfatizou que caberá à CCJ fazer uma “análise criteriosa” da denúncia. “Não pensem vocês que nós faremos um relatório café com leite na comissão. Todos têm interesse em elucidar esse caso e de fazer algo justo, que é o que a sociedade está esperando”, emendou.

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