Tite candidato a presidente? E Bernardinho? Ou Romário? Pesquisas de opinião pública vêm demonstrando que, embalados pela descrença da população nos políticos tradicionais, esportistas ou personalidades do esporte teriam alguma chance na disputa pelo Planalto e a outros cargos importantes em 2018. Mas especialistas afirmam que apenas a boa imagem não é suficiente nesse tipo de disputa.
A primeira questão, porém, é saber se eles têm interesse. Tite já descartou qualquer possibilidade de entrar na política. Bernardinho, embora esteja filiado ao Partido Novo e seu nome seja cotado a cargos eletivos, nunca disse que pretende disputar eleições. Já Romário está na política; é senador pelo Rio de Janeiro. E não descarta uma candidatura ao Planalto.
LEIA MAIS: Eleitores não querem mais políticos. Mas, então o que eles querem?
Bernardinho: “Não tenho ambição”
O Instituto Paraná Pesquisas incluiu o ex-técnico da seleção de vôlei Bernardinho em levantamento eleitoral divulgado no fim de maio. Ele teve 3,7% das intenções de voto para presidente.
O porcentual é baixo. Mas, analisado em relação aos demais candidatos, mostra que Bernardinho tem potencial na política. Ele ficou logo atrás de Ciro Gomes (PDT), que teve 6,7%; e à frente de políticos conhecidos como o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT, 3,1%), a ex-deputada Luciana Genro (PSol, 1,9%) e o senador Ronaldo Caiado (DEM, 1,8%).
Bernardinho se desfiliou recentemente do PSDB e ingressou no Novo, um partido pequeno sem integrantes denunciados por corrupção. Nos bastidores, seu nome aparece como possível candidato a governador do Rio de Janeiro ou a senador. Ele, porém, nunca disse que quer disputar algum cargo eletivo.
Em abril, Bernardinho afirmou ao jornal O Dia que as pessoas deveriam se interessar pela política. Mas deu a entender que não tem intenção de se candidatar a cargos públicos. “[A política] interessa a todos nós. Mas não tenho ambição dessa natureza [ser político].”
Romário: “Por que não?”
Já Romário, que recentemente trocou o PSB pelo Podemos (outro partido pequeno), não descarta a possibilidade de tentar ser presidente. Em entrevista recente ao portal UOL, disse: “Por que não? Pode ser, um dia”.
Por ora, contudo, o senador Romário é mais cotado para disputar o governo do Rio. Sondagem eleitoral feita em maio pelo Instituto Brasileiro de Pesquisa Social (IBPS) mostrou ele à frente das intenções de voto para governador fluminense, com 16,9%.
Tite: “Levo na brincadeira”
Em março, o Instituto Paraná Pesquisas sondou a opinião dos brasileiros em votar no técnico da seleção de futebol para presidente: 14,8% disseram que votariam em Tite. O levantamento não incluiu outros nomes. Ou seja, não mediu exatamente a intenção de voto, mas somente a possibilidade de votar nele. Ainda assim, foi um desempenho bom.
Em entrevista ao jornal El País, Tite disse não ter qualquer vontade de disputar eleições: “Eu levo essa história como uma brincadeira e uma demonstração de que os brasileiros estão felizes com a seleção. (...) Quero fazer alguma coisa positiva através do meu exemplo. Mas não tenho ambição política nem pretendo me candidatar a nada”.
Boa imagem não é tudo
Diretor do Instituto Paraná Pesquisas, Murilo Hidalgo afirma que a população tem demonstrado interesse em votar em nomes novos na política. Esportistas, nesse sentido, podem preencher esse anseio. Afinal, são vencedores e isso lhes dá uma boa imagem perante a população.
“Numa campanha eleitoral, isso é bom”, diz Hidalgo. Mas não suficiente, principalmente numa disputa majoritária (como a de presidente e governador). Segundo ele, durante a campanha, os candidatos têm seus conhecimentos testados. E quem está fora do mundo político começa a ter dificuldade de debater temas que envolvem conhecimento sobre funcionamento do Estado – algo que políticos dominam.
Condições de governar
O cientista político Alberto Carlos Almeida, sócio do Instituto Análise e autor dos livros A Cabeça do Eleitor e A Cabeça do Brasileiro, afirma que o eleitorado sempre julga se o candidato tem condições de governar. De acordo com Almeida, os eleitores até podem ter simpatia por um concorrente como um esportista, mas no final descartam esse nome se entenderem que ele não tem conhecimento e estrutura política para fazer uma boa gestão.
Além disso, diz o cientista político, estar num partido grande e organizado faz muita diferença numa eleição majoritária – pois dispõe de cabos eleitorais espalhados por todo o país para pedir votos. E, por ora, não há nenhum indicativo de que uma legenda expressiva vai dar espaço para alguém do mundo esportivo.
Por essas razões, Almeida acredita que a tendência é de que a eleição presidencial de 2018 seja decidida entre políticos. “Para mudar isso, têm de acontecer muito mais coisas”, diz ele. Por exemplo: um avanço ainda maior da Lava Jato que leve à condenação de quase todas as opções de políticos que pretendem disputar a Presidência.
Julgamento do Marco Civil da Internet e PL da IA colocam inovação em tecnologia em risco
Militares acusados de suposto golpe se movem no STF para tentar escapar de Moraes e da PF
Uma inelegibilidade bastante desproporcional
Quando a nostalgia vence a lacração: a volta do “pele-vermelha” à liga do futebol americano
Deixe sua opinião