A gravação da conversa entre Joesley Batista e o presidente Michel Temer tem um detalhe que pode comprovar que não houve edição em seu conteúdo. Em 7 de março, antes de deixar o carro que o levava ao Palácio Jaburu, residência presidencial, o dono da JBS ligou o gravador. Ao fundo, é possível ouvir trechos do noticiário da rádio CBN.
A própria emissora de rádio, no dia seguinte à divulgação do áudio entregue à Procuradoria Geral da República, comentou o fato. No começo da gravação, a locutora da CBN diz a hora: 22h32. Quando Joesley retorna ao veículo após o diálogo com Temer, estava no ar o quadro “Nos Acréscimos”, que, segundo registros da rádio, começou às 23h08 naquele dia, o que sincroniza perfeitamente com o tempo total da gravação de Joesley, de 38 minutos.
O advogado Francisco de Assis e Silva, que coordenou a delação dos donos da JBS, também se apoiou nesse fato para negar alterações na gravação. Segundo o advogado, a gravação pode estar mal-feita, por ter sido realizada por um amador, mas não sofreu qualquer modificação.
“Nós entregamos para a Procuradoria Geral da República o áudio original. Pega desde o momento que ele (Joesley) entra no Palácio do Jaburu ouvindo a (rádio) CBN até o final da conversa. Reafirmo que o material é 100% integral”, afirmou.
Assis e Silva diz que os ruídos e os trechos inaudíveis da gravação se devem às condições em que a conversa foi registrada. Segundo ele, Joesley usou um pen-drive com gravador, de uma loja de equipamentos eletrônicos, e o empresário não teria qualquer expertise em gravações desse tipo:
“Ele nunca fez isso antes, é a primeira vez que faz. Ele não é um 007”
O advogado afirmou ainda que há uma cópia guardada no exterior que já estaria a caminho do Brasil para ser comparada com a versão entregue ao MP e dirimir quaisquer dúvidas.
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