A eficiência do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão responsável por monitorar o “potencial de risco à estabilidade institucional” da Presidência da República, está sendo posta em dúvida após graves falhas de segurança – sem contar algumas gafes, como a divulgação do nome de um agente da CIA no Brasil.
Recentemente, duas residências oficiais foram invadidas: os Palácios da Alvorada e do Jaburu. Além disso, o GSI errou feio ao permitir a entrada do empresário Joesley Batista, sem se identificar e com um gravador, na residência do presidente. O teor da gravação feita por Joesley implicou Temer em uma acusação de corrupção passiva e obstrução da Justiça.
Como órgão responsável por cuidar da segurança de Temer, o GSI, comandado pelo general Sérgio Etchegoyen, falhou. Uma atuação em acordo com o que prevê a lei teria evitado que Temer fosse gravado por Joesley, que furou a segurança do Jaburu na noite de 7 de março.
O presidente soube da entrada “clandestina” do empresário, mas não puniu autoridades do GSI, o que sinaliza que estava acostumado a receber visitantes no período noturno, fora da agenda, na residência oficial, e que desautorizava o GSI a cumprir com seu papel de barrar tais visitantes.
Na gravação apresentada ao Ministério Público Federal, Temer mostra interesse por Joesley ter passado pela segurança sem se identificar:
Joesley: Eu gostei desse jeito aqui.
Temer: Desse jeito?
Joesley: Eu venho dirigindo, nem venho com motorista, eu mesmo dirijo.
Temer: Ou você vem com o Rodrigo e o Rodrigo se identifica lá.
Joesley: Eu tinha combinado de vir com ele. Eu vim sozinho, mas aí eu liguei para ele era 10h30. Aí, deu 9h50 eu mandei mensagem pra ele. Ele não respondeu. Deu 10h05 e eu liguei para ele eu disse: cadê? Ele: puta, eu tô num compromisso. Vai lá. Eu passei a placa do carro. Fui chegando, eles abriram, nem dei meu nome.
Temer: Não te viram?
Joesley: Não, fui chegando, eles viram a placa do carro, abriram, eu entrei .
Temer: Melhor, então.
Joesley: Funcionou super bem.
Segundo a lei que rege a atuação do GSI, o órgão tem a obrigação de “prevenir a ocorrência e articular o gerenciamento de crises em caso de grave e iminente ameaça à estabilidade institucional”; zelar pela segurança pessoal do presidente e dos palácios presidenciais e das residências do presidente da República e do vice-presidente da República.
Adolescente conseguiu chegar ao terceiro andar da residência oficial
No governo federal, há quem chame o órgão de “Gabinete de Insegurança Institucional”. Nem mesmo seu papel mais trivial, de cuidar das áreas próximas à residência do presidente, foi cumprido com sucesso.
Mas no dia 28 de junho, um adolescente de 15 anos invadiu o Palácio da Alvorada, por volta das 19h. O rapaz, dirigindo uma SUV preta, chegou à portaria do Palácio da Alvorada como se fosse se identificar para entrar. Na hora que o segurança foi abordá-lo, o rapaz acelerou, derrubou o portão de entrada do palácio e seguiu invadindo a residência. Apesar de o segurança disparar tiros de escopeta contra o carro, o adolescente parou o carro perto da igrejinha do Alvorada, onde deixou o carro e saiu correndo. Ele só foi encontrado após buscas e deu um baile nos seguranças, que só o detiveram no terceiro andar da residência.
Três dias depois, no dia 1º de junho, uma mulher, aparentemente embriagada, pulou a cerca do Palácio Jaburu e tentou entrar na residência do presidente. Segundo nota emitida pelo gabinete de segurança da Presidência da República, foram “realizados disparos de arma de fogo de advertência” para conter a invasora, que foi imobilizada e detida no estacionamento interno da residência oficial. O presidente e a família estavam no local. Após ser identifica pela equipe de segurança, a mulher foi conduzida à Polícia Federal e liberada após assinar um termo circunstanciado.
Suposta arapongagem contra ministros do STF ainda será explicada
A má gestão no GSI também pode ter criado um perigoso problema para Temer, envolvendo arapongagem contra ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), que ainda terá de ser explicada por Etchegoyen. Chegou a ser divulgado, pela imprensa, que a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) estaria monitorado o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato na Corte.
Isso foi negado por Etchegoyen, porém a oposição ao governo no Congresso não aceitou e convocou o ministro do GSI e o diretor-geral da Abin, Janér Tesch Hosken Alvarenga, a prestarem esclarecimentos na Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) do Senado. Após negociação, a convocação foi trocada por convite e a audiência marcada para 8 de agosto, após o recesso parlamentar.
“As notícias dão conta de que, pela primeira vez na história do país, um ministro do Supremo foi grampeado por órgão vinculado à Presidência e que tem por função garantir a segurança do senhor presidente da República”, afirmou o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP), à época.
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