O clima de incerteza em Brasília deixou confuso o PSDB, um dos principais partidos da base aliada do presidente Michel Temer, no seu processo de troca do presidente do partido. No começo da tarde desta quinta-feira (18), o nome do deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP) chegou a ser anunciado pelos deputados como o escolhido para substituir o senador Aécio Neves (PSDB-MG) na presidência do partido. No final da tarde, no entanto, foi oficializado o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) como presidente da legenda.
O nome de Jereissati foi anunciado pelo líder do partido no Senado, Paulo Bauer (PSDB-SC), que reforçou que o partido continua na base de apoio ao atual governo. Bauer afirmou que Aécio pediu seu licenciamento temporário da presidência do PSDB, pelo tempo que precisar se defender na Justiça.
“Não renunciarei, repito, não renunciarei”, diz Temer em pronunciamento
Leia a matéria completaInterinamente, explicou Bauer, Aécio fica fora do comando do partido, o que pode durar meses. O bate-cabeça do partido – em anunciar um presidente e depois anunciar outro, deve-se ao fato de que o próprio Carlos Sampaio teria aberto mão do cargo em favor de Jereissati, em processo previsto no estatuto do partido, explicou Bauer.
“Não há necessidade da convocação de novas eleições. O partido está atuante e presente em todo o país”, disse Bauer. “Deputados e senadores fizeram sugestão de nome de Tasso Jereissati dentre os sete dirigentes de sua estrutura e ele teve apoio de Carlos Sampaio e dos líderes”, afirmou.
Bauer também negou que ministros do PSDB estejam de saída - pelo menos até segunda ordem, também contrariando declarações de outros tucanos no Congresso, que mais cedo haviam anunciado a debandada de seus ministros do Governo Temer. O PSDB tem quatro correligionários na liderança de ministérios: Bruno Araújo (Cidades), Antônio Imbassahy (Secretaria de Governo), Luislinda Valois (Direitos Humanos) e Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores).
Nos ministérios, se a decisão do PSDB for a de entregar os cargos, altos postos nas diversas pastas estariam comprometidos.
A análise sobre a saída do governo será tomada de forma cautelosa, destacou Bauer, que afirmou que nenhuma indicação seria dada sobre isso antes que o partido pudesse conversar com Michel Temer, o que aconteceria ainda nesta quinta-feira à noite.
Não desembarca, mas também não apoia
Os partidos aguardam sinalizações mais claras sobre o futuro de Temer antes de definir se entregam os cargos. Mesmo o PSB, que já vem pedindo a saída completa de seus afiliados do governo Temer, não teve movimentação na tarde desta quinta para entregar cargos, em especial o do ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho. Os deputados do PSB racharam durante a votação da reforma trabalhista, e metade do partido votou com o governo.
Apesar de os partidos seguirem na base e não terem formalizado a debandada, também não há apoio explícito a Temer. Durante o pronunciamento do presidente no Palácio do Planalto, os ministros da Esplanada não estavam presentes, restando aos ministros próximos, Palacianos, ficar ao lado do presidente e aplaudir nos momentos mais contundentes de seu discurso, como ao reforçar que não renunciaria.
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