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Dilma com Lula na Paraíba para a “inauguração” da transposição do São Francisco: no Brasil, a ex-presidente tem sido  coadjuvante do padrinho; no exterior ela é a “embaixadora” do PT. | Ricardo Stuckert/Instituto Lula
Dilma com Lula na Paraíba para a “inauguração” da transposição do São Francisco: no Brasil, a ex-presidente tem sido coadjuvante do padrinho; no exterior ela é a “embaixadora” do PT.| Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula

A ex-presidente Dilma Rousseff (PT) sofreu o impeachment definitivo por causa das pedaladas fiscais há um ano, em 31 de agosto de 2016. Desde então, frequenta esporadicamente o noticiário da grande imprensa brasileira. Em geral, ela reaparece apenas para se defender de acusações feitas por delatores da Lava Jato. Mas se engana quem imagina que Dilma está reclusa em Porto Alegre, para onde voltou após desocupar o Palácio da Alvorada. Ela continua ativa como peça importante da estratégia de sobrevivência do PT.

Longe do olhar da maioria dos brasileiros, Dilma transita com desenvoltura em territórios bem específicos. Sobretudo no cenário internacional, onde aproveita o fato de ser uma ex-presidente para atrair a atenção de intelectuais e da imprensa estrangeira para o discurso do PT. A ex-presidente também é ativa nas redes sociais, onde aproveita os milhões de seguidores que têm (são 3 milhões na página de Dilma no Facebook) para defender o legado do partido e investir contra o governo Temer.

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Nove países

Desde que perdeu a Presidência em definitivo, Dilma já visitou nove países: Alemanha, Argentina, Cuba, Espanha, Estados Unidos, Itália, Portugal e Suíça. Com exceção de Cuba, onde esteve em dezembro para o funeral de Fidel Castro, nos demais países ela invariavelmente participa de encontros, principalmente em universidades, em que fala sobre a situação da democracia no Brasil, denuncia o “golpe” e acusa o governo Temer de promover retrocessos sociais. Dilma também corriqueiramente concede entrevistas à imprensa estrangeira em que o discurso, em geral, é o mesmo.

A denúncia do “golpe” faz parte da estratégia do PT de angariar apoio internacional para fazer de Lula candidato a presidente em 2018. Recentemente, Dilma começou a afirmar no exterior que a segunda etapa do golpe é justamente impedir o ex-presidente de concorrer em 2018. Ele pode ser impedido de disputar o Planalto se for condenado pela Justiça em segunda instância no processo do tríplex.

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Mostrando o que interessa, escondendo o resto

Tudo o que Dilma diz à imprensa estrangeira ou em suas palestras internacionais é devidamente registrado nas suas redes sociais. Ou quase tudo.

Por exemplo: a petista não divulgou a entrevista que concedeu à rede de televisão Al Jazeera, do Catar, em que ela foi duramente questionada pelo jornalista Mehdi Hasan. O jornalista perguntou se Dilma era “cúmplice” da corrupção na Petrobras ou “incompetente” por deixar que desvios bilionários ocorressem na estatal. Contrariada, a petista não respondeu: “Bom, meu querido, este é o tipo da ‘escolha de Sofia’ que eu não entro nela”.

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Dilma também tem buscado tirar o corpo fora de sua “herança maldita”. Nas redes sociais, bate pesado na crise por que o país passa, atribuindo-a ao atual governo. Um post de Dilma no Facebook afirma o seguinte: “O preço do golpe – Brasil terá 3,6 milhões de novos pobres em 2017, afirma Banco Mundial”. A crise econômica e o crescimento do desemprego, porém, começaram quando ela era presidente.

Quanto a erros que cometeu no governo, ela vem admitindo ao menos um: o de ter feito a desoneração de impostos para as empresas.

Na redes sociais, Dilma também tem se destacado em outra área: na defesa dos direitos das mulheres. Aproveita-se do fato de ter sido a primeira mulher a ocupar a Presidência.

Coadjuvante de Lula

Dilma também tem circulado pelo país. Recentemente, participou da caravana do ex-presidente pelo Nordeste. Esteve no Congresso do PT em Brasília, em julho. Viajou a Curitiba, no mês de maio, para demonstrar seu apoio a Lula, que ia depor ao juiz Sergio Moro.

Foi à Paraíba em março para “inaugurar”, junto com o ex-presidente, a transposição do Rio São Francisco – obra tocada quase que integralmente na gestão do PT na Presidência, mas cuja finalização coube a Temer. Em todas essas ocasiões, os holofotes estavam virados para Lula e não para Dilma.

A ex-presidente também tem viajado o país para eventos menores, geralmente para dar palestras a públicos selecionados – como em universidades. Mas, nessas ocasiões, também tem obtido uma divulgação restrita.

Além de trabalhar como soldado do PT, ela também tem seus próprios planos políticos. Como o Senado cassou seu mandato mas manteve seus direitos políticos no processo do impeachment, Dilma pensa em se candidatar a senadora ou a deputada em 2018.

Ah! E Dilma também tem pedalado. Não, não são manobras fiscais. Ela continua a andar de bicicleta, como já fazia quando era presidente.

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