A intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro será liderada pelas Forças Armadas. Um modelo que já foi criticado pelo próprio comandante do Exército, general Eduardo Dias da Costa Villas Bôas.
Em audiência pública na Comissão de Relações Exteriores do Senado em junho de 2017, Villas Bôas afirmou que esse modelo é “desgastante, perigoso e inócuo”. Um detalhe: o Exército voltou às ruas do Rio no mês seguinte a essas declarações, quando o presidente Michel Temer assinou um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) autorizando o uso das Forças Armadas no combate à criminalidade no Rio.
“Um dia me dei conta. Os nossos soldados atentos, preocupados – são vielas –, armados. E passando crianças, senhoras, eu pensei: ‘Estamos aqui apontando arma para a população brasileira. Nós somos uma sociedade doente’. E lá ficamos [na favela da Maré] 14 meses. Do dia em que saímos, uma semana depois tudo havia voltado ao que era antes. Então, temos que realmente repensar esse modelo de emprego, porque é desgastante, perigoso e inócuo”, disse o comandante do Exército aos senadores.
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Na mesma audiência, Villas Bôas disse que o trabalho dos militares foi empregado 115 vezes em 30 anos em diferentes situações de apoio, a maioria delas na última década. “O único estado onde não houve emprego até hoje parece-me que foi São Paulo. Nós não gostamos desse tipo de emprego, não gostamos”, disse.
Na sexta-feira (19), o deputado federal e pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro (PSC-RJ), espécie de porta-voz informal de alguns setores das Forças Armadas, criticou duramente o anúncio de intervenção federal no Rio de Janeiro. “É um decreto político por parte do presidente Temer, que usa as Forças Armadas em causa própria”, disse Bolsonaro, que classificou a iniciativa como uma piada.
Nos últimos dez anos, o Rio de Janeiro contou com a presença do Exército 12 vezes. O decreto de Garantia da Lei e da Ordem assinado por Temer em julho de 2017 autorizava o emprego das Forças Armadas no Rio até o fim do ano passado, e foi renovado até o fim de 2018 – mesma data de “validade” da intervenção federal assinada na última sexta-feira (16).
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Câmara avalia intervenção
O decreto está em vigor, mas para continuar valendo depende de aprovação do Congresso. Será analisado pela Câmara dos Deputados a partir das 19 horas desta segunda (19). Se aprovado pelos deputados, vai ao plenário do Senado.
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