Dona Joseita Brilhante Ustra não pôde comparecer à missa que cultua e celebra o 31 de março de 1964 no último domingo (01), como faz de costume, na arquidiocese militar São Miguel Arcanjo, em Brasília. Está convalescendo de uma pneumonia. Lamentou. Joseita, com 81 anos, passa a vida a defender o legado do marido, o controverso coronel e condenado como torturador Carlos Brilhante Ustra, que comandou o temido Doi-Codi de São Paulo nos anos de chumbo do regime militar. Um local que relatos de perseguidos pela ditadura apontam como centro de perseguição, tortura, desaparecimento e morte. Ela rebate tudo isso e diz que Ustra nunca foi condenado como torturador em instância jurídica derradeira.
Joseita Ustra responde cada ataque pontual a seu marido, que morreu em outubro de 2015. Para tal missão, ela criou, há anos, o site "Verdade sufocada" e já prepara a 14ª edição do livro com o mesmo nome onde conta sua versão de todos esses fatos do passado.
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Como um recurso irônico, Joseita, cita, nas suas redes sociais, trechos de canções de Geraldo Vandré e Chico Buarque – dois compositores que combateram com suas músicas o regime de 64 – para criticar a esquerda, ou os comunistas. Ao recomendar que, nas eleições de 2018, votem em candidatos desse espectro, ela conclama o clássico refrão "quem sabe faz a hora, não espera acontecer". A mais simbólica canção de Chico contra o regime, "Apesar de você", é mencionada nas suas postagens nas redes socais.
Em entrevista exclusiva à Gazeta do Povo, Joseita Ustra, relata ameaças que sua família sofreu durante aqueles anos, com ligações telefônicas ameaçadoras, a rotina da vida alterada – como levar a filha pequena na escola e esperar o tempo todo dentro de um carro do lado de fora –, o medo de sequestro, mesmo quando as filhas já estavam na universidade.
Joseita apoia Bolsonaro para presidente e conta que a família se emocionou com as citações feitas ao nome do marido pelo deputado-presidenciável, na votação do impeachment de Dilma Rousseff, em 2016, e pelas referência feitas a Ustra pelo general Hamilton Mourão, na sua despedida da ativa.
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Ela conta que quando reconhecem seu sobrenome e o associam ao coronel Ustra elogiam seu marido. Joseita ainda mantém contato com militares da ativa e diz que alguns se comovem quando estão a seu lado. Vão às lágrimas.
A Comissão Nacional da Verdade, que apontou Ustra como responsável por 45 mortes e desaparecimentos, é classificada por Joseita como facciosa, sem legitimidade e que só ouviu um lado da história. E que uma presidente que atuou na luta armada, Dilma, não poderia ter instalado essa comissão. Para ela, a comissão não considerou atentados terroristas, sequestros e assassinatos da esquerda. Diz ainda que Dom Paulo Evaristo Arns, para elaborar o Brasil Nunca Mais, profundo relato sobre o que ocorreu na ditadura, retirou clandestinamente papéis do Superior Tribunal Militar.
Para Joseita, a doutrinação que fizeram contra seu marido nos últimos 30 anos caiu e diz: "Ustra já é mais visto como herói".
A viúva do coronel Ustra lembra que se conheceram, quando ela, começando a vida de professora o Rio, num trem, sentou-se a seu lado. "Foi amor à primeira vista".
Segue a íntegra da entrevista:
USTRA LEMBRADO POR BOLSONARO NO IMPEACHMENT DE DILMA
Seu nome (do coronel Ustra) vem sendo citado por várias fontes, agora, felizmente de forma mais digna nas redes sociais e nos inúmeros e-mails que recebo diariamente. A doutrinação de mais de 30 anos caiu e os jovens estão acordando. Ustra já é mais visto como herói. Os jovens já sabem que uma guerra revolucionária é um mal a ser cortado pela raiz. Ser citado pelo deputado Bolsonaro no Congresso e pelo General Mourão no discurso de despedida no Quartel General é uma prova de que o Exército reconhece a luta e o sacrifício do coronel Ustra . Foi muita emoção para nós.
Nossa família, hoje, sente que o sacrifício vivido por meu marido e outros que foram designados para a missão de combater as guerrilhas rurais e urbana de 1960 a 1977 não foi em vão para o Brasil, embora tenha marcado profundamente a nossa vida com situações de muitos riscos e aflições. Mas, porque não dizer, com momentos de felicidade ao ver o reconhecimento pelo trabalho realizado e hoje reconhecido por diversos segmentos da sociedade como tendo salvado o Brasil , naquela época, da implantação de uma ditadura comunista. Não apenas os militares, mas também, dois anos e cinco meses depois de seu falecimento, quando me reconhecem pessoalmente ou pelo sobrenome , se referem com respeito e admiração ao meu marido, que foi decisivo, juntamente com outros, para a derrota da luta armada comunista em São Paulo.
Os Militares, talvez com mais compreensão, pois sabem o que são a dureza e as incertezas de combates urbanos inesperados contra frios assassinos, sequestradores, assaltantes corruptos e terroristas, disfarçados no meio do povo, que tinham como único propósito destruir a família e a sociedade democrática para implantar uma ditadura totalitária e se apossarem definitivamente do poder. Para eles os fins justificam os meios. A cada dia ou mesmo durante muitas noites, era com muita aflição que esperávamos o regresso de Carlos Alberto à casa. Minha filha mais velha - ainda não tínhamos a mais nova - para iniciar sua vida escolar , com três anos - eu ficava dentro do carro , durante o tempo que ela permanecia na escolinha , pois não tinha confiança de deixá-la só. As ameaças por telefone eram diárias.
Essa situação se prolongaram durante muitos anos e nossas filhas para cursarem a universidade tinham que ser levadas por Carlos Alberto , ou por mim, pois por telefone eram ameaçadas de sequestros. Sabiam o horário de seus cursos e procuravam atemorizar-nos.
CONTATO HOJE COM MILITARES DA ATIVA
Sim, mantenho, porém como ele se formou em 1954, os contatos mais frequentes são com os militares mais antigos, já na reserva, que dele guardam boas lembranças e , como disse anteriormente , com muito respeito e admiração. Meu marido sempre foi muito bem considerado dentro do Exército , sendo com frequência convidado para solenidades e muito bem recebido. É bom frisar que, talvez por isso, temos um grande número de militares da ativa, de sargentos a tenentes coronéis que nos dão muita atenção. Quanto a mim e às nossas filhas , somos tratadas com muita consideração . Já houve mais de um caso em que de praças a oficiais recém promovidos ao serem apresentados a nós, nos comoverem, levando-nos às lágrimas, elogiando os feitos de Carlos Alberto.
RELATÓRIO DA CNV O RESPONSABILIZA POR 45 MORTES E DESAPARECIMENTOS
Uma comissão que investiga um conflito e só ouve um dos lados , é facciosa e não tem legitimidade . Uma comissão para a qual os militantes não praticaram crimes ;
Uma comissão que só ouviu testemunhas de acusação e não buscou as testemunhas de defesa. Uma comissão que não buscou pessoas com imparcialidade, como foi determinado na Lei que fosse composta - de forma pluralista; Uma comissão que pela própria Lei não poderia determinar que a presidente da República - Dilma Rousseff – uma militante da luta armada como ela -não tinha isenção para indicá-la, portanto uma comissão que perdeu a pluralidade, imparcialidade, credibilidade e legitimidade.Tudo estava sendo feito, ou melhor pronto, bastando apenas oficializar o relatório. Pouca gente , no entanto se apercebeu e até os dias de hoje não se deu conta de que nada havia de inédito e verdadeiro nesta comissão da verdade. Poucos sabem que, ainda durante o período militar, uma equipe , sob ingerência de D Paulo Evaristo Arns, esquadrinhou , clandestinamente e ilicitamente os documentos sob a guarda do Superior Tribunal Militar (STM) para colher material para o projeto Brasil Nunca mais. Para essa operação clandestina foi montada uma verdadeira rede de agentes que sorrateiramente copiaram 707 processos , num total de um milhão de páginas. A equipe que escreveu o livro Brasil Nunca Mais de posse dessa valiosa documentação, fez a triagem a seu modo , privilegiando o que queria , publicando o que interessava , distorcendo fatos e ignorando o que lhe convinha.Com dados retirados dos processos, os ‘resistentes’, como se intitulam deveriam ser apresentados como jovens inocentes , trucidados pelos agentes do Estado. Esse grupo de trabalho não considerou os atentados terroristas, sequestros , assassinatos. Tais crimes foram propositadamente omitidos. Estava “ pronto” o relatório final da Comissão Nacional da Verdade, esperando apenas a oportunidade – um desses membros de organizações subversivo-terroristas chegar ao poder - para oficializar a luta como “heroísmo desses jovens libertadores” da “ditadura militar”. O relatório da Comissão da Verdade não teve credibilidade , o governo começou a desmoronar com tantos “jovens heróis” indo para cadeia , sendo processados e finalmente demonstrando o que eles ainda tentam fazer: permanecer indefinidamente no poder. Todo esse processo está detalhado no livro “A verdade Sufocada – A historia que a esquerda não quer que o Brasil conheça”- pag25 a pág 32. A partir da 7ª edição.
O CONVÍVIO COM O CORONEL USTRA
Carlos Alberto e eu nos conhecemos no primeiro dia em que, recém-formada professora primária no Instituto de Educação/RJ, ia me apresentar na Escola Amazonas, zona rural de Campo Grande para começar a lecionar. Nos vimos, sentamos lado a lado no trem, o que passou a ser diário. Foi amor à primeira vista. Namoramos, casamos e tivemos certeza de que um não seria o mesmo se perdesse o outro. Com o tempo, constituímos a nossa família, pequena, é verdade – 2 filhas e um neto que nos deram e dão muitas alegrias. Sempre sentimos que nada , nem a distância, nem os tropeços da vida , nem as dificuldades do dia a dia , nada nos separaria, apesar de termos consciência de que viver sem grandes problemas e conseguir ser feliz nem sempre seria fácil. E o tempo foi passando... e a vida correndo, e nós vivendo um turbilhão de emoções. Momentos ótimos, alguns bons, outros ruins, quase todos inesquecíveis...Sorrimos muito , choramos algumas vezes, mas a nosso modo, apoiados um pelo outro , graças a Deus, fomos felizes. Apoio, muitas renúncias , a dedicação, o companheirismo diário, a admiração de um pelo outro e o amor à família nos uniu cada vez mais. Continuamos com a certeza de que a nossa caminhada , por mais voltas que ela desse , por mais tortuosa que fosse , por mais pedras que encontrassemos, nos levaria sempre até o outro. Agora que, fisicamente, Carlos Alberto se foi, eu reforcei minha certeza de que a distância física não consegue separar aqueles que enfrentaram as tempestades que nós enfrentamos e, assim mesmo, conseguiram ser felizes por tantos anos .
APOIO À CANDIDATURA DE JAIR BOLSONARO
Não só apoio , como me alegro ao ver que o Deputado Jair Bolsonaro conquistou grande parte da juventude que acordou da doutrinação de várias décadas. A lavagem cerebral e o comprometimento com as organizações subversivas os tornavam reféns do terror e verdadeiros autômatos . Família, Pátria, religião passavam a ser “alienações da burguesia”. Em suas mentes só havia espaço para convicções ideológicas que lhes impregnaram e que , em muitos casos , levaram-nos à morte em enfrentamentos com os órgãos de segurança . O recrutamento dos jovens, a meu ver, talvez tenha sido o pior crime cometido pela esquerda armada no Brasil , pois levou rapazes e moças a crimes hediondos , corrompendo-os e tornando-os verdadeiras “buchas de canhão” Nós, não mantínhamos contato frequente com o deputado. Uma vez ou outra , nos cumprimentávamos socialmente e tivemos no ano de 2004 a presença dele em um ato que o Ternuma organizou em frente ao Congresso – A colocação de 120 cruzes , com nomes das vítimas dos terroristas Colocamos faixas sugerindo igualdade para que as famílias das vítimas da luta armada também fossem indenizadas, como as dos terroristas eram. Quanto ao resultado da vitória de Bolsonaro pode ser dito que ficaria demonstrado que o brasileiro já não aguenta mais ser governado por lideranças fisiológicas e patrimonialistas corruptas, nem por lideranças socialistas radicais ou fabianistas não revolucionárias , essas duas também corruptas. As alianças entre essas lideranças afundaram o Brasil em termos morais , éticos , econômicos e políticos.
MILITARES EM CARGOS DE COMANDO POLÍTICO, COMO INTERVENÇÃO NO RIO
O protagonismo (militar) é fruto de competência, honestidade, patriotismo, sentimento de dever, espírito democrático, austeridade e confiabilidade. Os militares foram afastados do núcleo decisório do Brasil , nos governos do PSDB e do PT , ambos socialistas. Essa era uma bandeira do Diálogo Interamericano, pois ao grande capital internacional e às potências mundiais , não interessa um segmento patriótico e nacionalista no núcleo político dos governos de países alvos. O mesmo não interessa também , á revolução socialista permanente, conduzida pelo PT (radical e gramcista) e PSDB (fabianista, não radical , mas gramscista também), cada um com um rumo diferente, mas com o mesmo propósito. A situação interna do pais, com o agravamento das crises moral, ética, política, social e económica, com reflexos na segurança pública , mostrou que o Brasil não pode prescindir da presença das Forças Armadas nas mais elevadas instâncias do Poder. Assim acontece nos países mais maduros e, aqui, o chamado aos militares aconteceu naturalmente, não só pelos altos escalões da república, mas também vindo do seio da população . e não apenas nos temas que você propôs em sua pergunta, mas também em vários outros setores.
LEGADO DO REGIME MILITAR
O Brasil saltou (naquele período) da 46ª para a 8ª economia do mundo. A esquerda, no poder desde 1994, não conseguiu melhorar essa posição , muito pelo contrário . Hoje já estamos perto da 10ª posição. Fortalecido o Mercado interno e saldos exponenciais das exportações. Ampliada a assistência e a previdência social e os serviços. Foram ampliados e consolidados o parque industrial e as infraestrutura Energética, de Transportes, de Telecomunicações e Financeira. Graças a isso o país resistiu à década de1980, que começou com o choque do petróleo e o consequente aumento exponencial dos juros da dívida externa. Na redemocratização , no final do Governo do General Figueiredo , o Pib do Brasil beirou os 6%, com a retomada do crescimento. Maior salto no IDH, contrariando informações distorcidas. Comparar o avanço do IDH: 1970 – 1980 = 0,2 com 1990 – 2000 = 0,04. A comparação anterior desmente o que é veiculado quanto ao desprezo dos governos militares pela questão social. O Brasil e o Japão foram os países que mais cresceram no século passado e o maior ritmo de crescimento no Brasil foi no regime. A esquerda, ao contrário , no poder desde 1994, afundou o Brasil. Os generais presidentes reconheciam publicamente a excepcionalidade do regime e manifestavam o objetivo de retorno à normalidade democrática , o que se cumpriu com a revogação do AI-5, a anistia e a abertura democrática após a derrota da luta armada e a aceitação pelos ex- guerrilheiros das regras do jogo democrático. O regime militar afastou as Forças Armadas e os militares da ativa da política partidária, fortalecendo as instituições. Desde o final da luta armada , as crises não tiveram mais o envolvimento militar e, hoje, são resolvidas nos foros apropriados. Foi o regime militar que fortaleceu as instituições, que o regime atual, dito democrático, não soube fazer com que funcionassem, daí o risco que a própria democracia corre hoje em dia.
GOVERNO MICHEL TEMER
A situação econômica e a governabilidade do país estão sendo recuperadas, mas permanece a crise moral que afeta as lideranças, seja da situação, seja da oposição, e que só será revertida com o amadurecimento cívico do nosso povo, por meio de um choque de valores morais, cívicos e espirituais ( religiosos). No Entanto, a operação Lava-Jato e outras congêneres estão prestando um inestimável serviço para concretizar esse longo processo de educação e aperfeiçoamento da sociedade.