O presidente da Abcam (Associação Brasileira dos Caminhoneiros), José da Fonseca Lopes, afirmou nesta sexta-feira (25) que o acordo firmado por outras entidades com o governo não conseguirá acabar com a paralisação e que “pode correr sangue”, a depender do emprego de força policial. “Pode parar [a paralisação] se vier uma força policial muito forte para cima. [...] Ninguém vai conseguir tirar o caminhoneiro. Vai correr sangue nisso aí”, disse à reportagem.
Questionado sobre a informação de que o governo pretende usar as Forças Armadas para liberar estradas se caminhoneiros não cederem, Fonseca disse que será “uma aberração”. “O caminhoneiro é uma pessoa rude, uma pessoa simples. Quando ele entra numa briga, é difícil de tirar ele dessa briga”, disse. “Então isso pode criar sérios transtornos. Espero que não. Eu vou fazer o que eu posso para não acontecer isso.”
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Fonseca afirmou que a paralisação dos caminhoneiros, que ele não classifica como greve, “chega em determinado ponto que começa a insuflar, vem gente de tudo que é lado”.
O presidente da Abcam deixou a reunião com o governo, nesta quinta-feira (24), antes do fim e afirmou que não firmaria acordo com o Palácio do Planalto. Ele afirmou que o ministro Eliseu Padilha (Casa Civil) disse, na ocasião, que não haveria emprego das Forças Armadas.
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A associação divulgou nota na qual repudia o acordo firmado com outras entidades e diz que continuará a exigir que o governo zere a alíquota de PIS/Cofins sobre o diesel.
Leia a nota na íntegra
A Associação Brasileira dos Caminhoneiros - Abcam, juntamente com suas cinco Federações filiadas, repudia o acordo realizado ontem entre Governo Federal e as outras entidades representativas do transporte rodoviário. Ao contrário do que foi dito, a Abcam tem representação legitimada pela categoria de transportadores autônomos do país, com cerca de 600 mil caminhoneiros filiados em todo o território nacional. Inclusive possui assento no Fórum do Transporte de Cargas, do Ministério dos Transportes e também é entidade filiada à Confederação Nacional do Transporte.
Portanto, como representantes dos caminhoneiros autônomos, emitimos em outubro de 2017, um oficio ao presidente Michel Temer a fim de apresentar ao governo a necessidade as alíquotas incidentes no valor do óleo diesel, um dos principais problemas para a categoria, já que o combustível representa cerca de 42% do custo do transportador.
Sem qualquer retorno do Governo, a Abcam reiterou solicitação no dia 14 de maio deste ano, exigindo, em caráter de urgência, uma discussão sobre o assunto. Foi informado ao Governo que uma paralisação da categoria poderia surgir e que era preciso o Governo se manifestar.
A Abcam aguardou até o final da semana, dia 18 de maio, um posicionamento do Governo. Sem respostas, a entidade iniciou o processo de mobilização da categoria por meio de suas lideranças e redes sociais. Para aqueles que não acreditavam na força do movimento, os últimos cinco dias de paralisações demonstram a força da categoria.
Ao contrário de outras entidades que se dizem representantes da categoria, a Abcam, não trairá os caminhoneiros. Continuaremos firmes com pedido inicial: isenção da alíquota PIS/Cofins sobre o diesel, publicada no Diário Oficial da União.
A Abcam continua cumprindo seu papel de representação dos caminhoneiros perante o Congresso Nacional e as instâncias governamentais. Agora, deixaremos a resposta para o Governo nas mãos dos caminhoneiros. Se eles acham que a proposta apresentada pelo Governo é justa, que voltem para suas casas. Mas se consideram que o Governo não atendeu às suas necessidades, que permaneçam firmes!
José da Fonseca Lopes
Presidente da ABCAM
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