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Lula no primeiro depoimento a Moro. | Reprodução/Justiça Federal
Lula no primeiro depoimento a Moro.| Foto: Reprodução/Justiça Federal

O primeiro embate cara a cara entre o ex-presidente Lula e o juiz Sergio Moro, em 10 de maio, durante interrogatório do processo do tríplex, foi marcado por alfinetadas do ex-presidente no magistrado. Em troca, o petista também recebeu agulhadas de Moro.

A troca de farpas girou em torno de três grandes reclamações do petista: contra as delações premiadas e os procedimentos da Lava Jato, pelo fato de a operação ter envolvido a família do ex-presidente e pela suposta caçada midiática contra o “monstro Lula”, que teria tido a ajuda de Moro.

As brigas que Lula tentou puxar com Moro

A Lava Jato, como não poderia deixar de ser, foi o alvo preferencial das reclamações do ex-presidente. E Lula tentou puxar Moro para a briga várias vezes ao questionar as delações premiadas e até mesmo algumas perguntas do juiz.

“O que aconteceu nos últimos 30 dias, doutor Moro, vai passar para a história como o mês Lula. Porque foi o mês em que vocês trabalharam, sobretudo o Ministério Público, para trazer todo mundo para falar uma senha chamada Lula. O objetivo era dizer Lula. Se não falasse Lula, não valia”, disse o ex-presidente, reclamando que a Lava Jato estava forçando que delatores o envolvessem nas acusações.

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Lula também foi ríspido ao responder ao juiz se não tinha conhecimento dos crimes praticados pelos ex-diretores da Petrobras indicados por ele. “Não. Nem eu, nem o senhor, nem o Ministério Público, nem a Petrobras, nem a imprensa, nem a Polícia Federal. Todos nós só ficamos sabendo quando foi pego no grampo a conversa do [doleiro Alberto] Youssef com Paulo Roberto [Costa, ex-diretor da estatal]”, respondeu Lula.

“Eu indago ao senhor porque foi o senhor que indicou o nome deles ao Conselho de Administração da Petrobras. É uma situação diferente da minha, que não tenho nada a ver com isso”, afirmou Moro. “Foi o senhor que soltou o Youssef e mandou grampear. O senhor deveria saber mais do que eu”, rebateu Lula.

Devolvam o iPad dos meus netos

Durante o depoimento, Lula pediu a Moro: “Eu queria aproveitar (...) [para pedir que o senhor] determine que a Polícia Federal devolva os iPads dos meus netos. É uma vergonha, o iPad de meu neto de 5 anos está [apreendido] desde março do ano passado”.

Moro afirmou que é “só pedir a restituição que é devolvido”. Lula discordou. “Não, não, não, não. Já pedi, já fui falar. Não pense que as coisas funcionam. Isso é que nem no governo. Não pense que tudo que o senhor pede as pessoas fazem rapidamente.”

E então o ex-presidente começou a reclamar de ter tido familiares envolvidos na operação. “O senhor não viu como a Polícia Federal entrou na casa dos meus filhos. Não é com a educação que entraram na minha. Na casa dos meus filhos quebraram porta, quebraram portão.”

Moro alfinetou Lula, dizendo que ele deveria ter informado sobre isso anteriormente: “Não tem como tomar providência se o senhor não faz essa informação [chegar a mim]. Isso que o senhor está falando agora nunca ouvi.”

O “alerta” de Lula a Moro

A parte final do depoimento de Lula foi a mais política. E na qual ele destilou suas mágoas com a imprensa, a Lava Jato e Moro.

Moro tentou interromper Lula, argumentando que a oportunidade de se pronunciar livremente ao fim do interrogatório não era um momento para fazer declarações políticas. Mas o ex-presidente alfinetou Moro e disse que estava sendo julgado politicamente.

O petista afirmou ainda que a acusação só tem “ilações” e que os procuradores do Ministério Público Federal (MPF) fizeram um “acordo” com os veículos de comunicação para caçar o “monstro Lula”. E insinuou que Moro teve participação nisso. Reclamou do juiz especificamente por ele ter autorizado sua condução coercitiva (na qual o ex-presidente foi obrigado a depor e teve sua casa vasculhada pela Polícia Federal) e a divulgação de conversas telefônicas dele com sua mulher, Marisa Letícia, já falecida. Os dois fatos foram amplamente noticiados.

Lula também fez um “alerta” a Moro de que a imprensa poderia virar contra o juiz se ele contrariasse o suposto interesse da mídia em condená-lo. “Eu queria lhe avisar de uma coisa. Esses mesmos que me atacam hoje, se tiverem sinais de que eu serei absolvido, prepare-se porque os ataques ao senhor serão muito mais fortes.” Moro retrucou. Disse que já está sendo atacado, sobretudo por blogueiros que apoiam Lula.

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