Em sua segunda transmissão ao vivo pelas redes sociais como presidente, Jair Bolsonaro voltou a tratar de diversos temas, nesta quinta-feira (14), com objetivo de fazer uma “prestação de contas” do seu governo. Ele estava ao lado dos ministros Ernesto Araújo (Relações Exteriores) e Luiz Henrique Mandetta (Saúde). Entre os assuntos abordados, a viagem que ele fará ao Estados Unidos, o corte de cargos comissionados e a vacinação contra a gripe. Desta vez, a reforma da Previdência ficou de fora. Veja um resumo do que ele falou de mais importante:
Assassinato de alunos em Suzano
O presidente classificou como “barbaridade” o ataque a uma escola em Suzano (SP), que matou cinco alunos, duas funcionárias e um empresário. Outras 11 pessoas ficaram feridas. Os dois atirados se mataram após os assassinatos. Bolsonaro afirmou que não apenas o governo, mas todo o Brasil “ainda está muito chocado com o que aconteceu. Na verdade, todo o Brasil está de luto. É uma barbaridade. Nossos sentimentos”, disse.
Ele comentou o fato de o ministro da Educação, Rícardo Vélez, estar no local, e disse que o governo está fazendo “o que for possível” para evitar novos casos como esse. Bolsonaro não mencionou as críticas feitas à sua gestão pela flexibilização à posse de armas no Brasil, uma das primeiras medidas assinadas por ele.
Corte de cargos comissionados
Bolsonaro destacou a publicação de um decreto na edição de quarta-feira (13) do Diário Oficial da União em que o governo corta 21 mil cargos comissionados. A medida era promessa de campanha e consta na lista de metas para os 100 primeiros dias de governo, que serão completados em 11 de abril. “A projeção de economia está na faixa de R$ 200 milhões. Dá para fazer economia, sim”, afirmou.
Leilões de aeroportos
Ainda na área econômica, o presidente mencionou que o ministro da Infraestrutura, Tarcísio de Freitas, participará do leilão de 12 aeroportos em evento na Bolsa de Valores em São Paulo, nesta sexta-feira (15). Ele ressaltou que é preciso tirar os terminais das mãos do Estado. “Infelizmente, onde o Estado brasileiro está as coisas não dão certo”, disse.
Velha política
Num momento em que o Congresso cobra do Executivo concessões em troca de apoio à reforma da Previdência, Bolsonaro voltou a falar que o Brasil não tem como dar certo se continuar fazendo a “velha política”.
Dois dias depois de ter dito em uma videoconferência com ministros que existe uma “pressão enorme” para a permanência da política do toma-lá-dá-cá, o presidente disse que os parlamentares entendem o novo momento. “Não temos pressão por ministérios por parte de parlamentares e eles em grande parte sabem que o caminho é esse, o caminho técnico”, afirmou.
Como medida positiva, citou que o Congresso deve votar a medida provisória antifraude, em referência a um texto que tem como objetivo diminuir fraudes no INSS.
Vacinas contra gripe
Ao lado de Mandetta, Bolsonaro destacou uma campanha de vacinação contra a gripe que será antecipada no estado do Amazonas. Segundo ele, 1 milhão de novas vacinas serão destinadas ao local. O ministro explicou que a previsão inicial era de envio apenas no fim de abril, mas que uma proliferação atípica da doença, que provocou “muitos óbitos”, provocou a antecipação.
Viagem aos EUA
Bolsonaro falou sobre a viagem que fará no domingo (17) aos Estados Unidos, onde vai se reunir com o presidente Donald Trump. Ele e Araújo defenderam parcerias com o país da América do Norte e criticaram governos anteriores por não manterem relações próximas por “questões ideológicas”. Bolsonaro lembrou que o maior parceiro econômico do Brasil é a China, mas que os EUA “podem ser um grande parceiro”.
Segundo o chanceler, essa reaproximação é a “retomada de uma parceria natural” que já era vista desde o Barão do Rio Branco, patrono da diplomacia brasileira. “Qualquer iniciativa era boa até que aparecesse EUA e era descartada”, disse Araújo.
Entre os exemplos, ele citou um acordo envolvendo a base de lançamento de foguetes em Alcântara, no Maranhão, tema que deve ser discutido na viagem oficial. “Desde o governo Lula estamos tentando esse acordo e não tivemos sucesso muito mais por uma questão ideológica do que técnica”, afirmou, acrescentando que o Brasil perde dinheiro sem essa parceria.
Já Araújo destacou ainda a importância nas relações entre os dois países pela “defesa da democracia” na Venezuela, sob o regime do ditador Nicolás Maduro. O chanceler disse que já está pronta a mudança na capa do passaporte brasileiro.
Como uma das metas de sua pasta para os 100 dias de governo, ele prometeu reformular o documento para a versão anterior, que tinha em destaque o brasão brasileiro. O presidente mencionou ainda que fará ainda este mês viagens ao Chile a Israel.
Importação de bananas
O presidente criticou a Folha de São Paulo ao mencionar uma coluna de Janio de Freitas publicada no jornal na edição do último domingo (10). No texto, Janio critica o presidente por tratar como prioritária a preocupação pelas importações de banana pelo Brasil do Equador. Segundo, o colunista, isso traria benefícios para seus familiares no Vale do Ribeira (SP), onde Bolsonaro cresceu e ainda tem parentes.
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O presidente diz que todos os dias os jornais trazem duas ou três matérias contra ele e que “para variar” esse era um caso da Folha. “Nenhum parente meu tem lá um hectare cultivando banana, não tem uma climatizadora, a minha família não mexe com transportes de banana, com nada no tocante a isso”, afirmou.
“Então é uma acusação que ele fala que eu tenho primos e parentes e não cita o nome. Se ele citasse o nome eu poderia até entrar com uma acusação contra ele por calúnia e difamação.”
Bolsonaro nega que tenha prometido a um primo rever o fantasma de preço competitivo da banana do Equador. “Não é verdade, fake news, é mentira”. “Olha Folha de S.Paulo, isso não é um jornalismo sério, não é a primeira vez. Eu lamento matéria nesse sentido aqui”, diz.
Placa do Mercosul
Repetindo o que fez na última edição da live, quando também tratou das bananas, Bolsonaro voltou a falar de questões de trânsito e disse ter pedido ao ministro Tarcísio de Freitas para rever a placa de carros do Mercosul, já implantada em algumas cidades brasileiras.
“Entramos em contato já há algum tempo com o nosso ministro Tarcísio [Freitas], da Infraestrutura, para ver se a gente consegue anular essa placa [de carros] do Mercosul, porque eu acho que não tem ali o município [...] não traz, no meu entender, benefícios para o Brasil”, disse.
“É constrangimento, é até uma despesa a mais para a população. Estamos tentando uma maneira legal, eu acho que dá para encontrar uma solução, de acabarmos com essa placa.”