Desde que foi preso no dia 7 de abril, o ex-presidente Lula foi “candidato” a presidente, deu ordens para a direção do PT, recebeu centenas de visitas e mandou diversos recados ao meio externo, por meio de cartas. Essa foi a rotina do ex-presidente durante os oitos meses em que está preso na carceragem da Polícia Federal em Curitiba por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava Jato.
Ele, porém, pode ser solto, já que o ministro Marco Aurélio, do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu a possibilidade de prisão em segunda instância. A defesa do petista já entrou com um novo pedido de soltura. A Procuradoria-Geral da República deve recorrer.
Período na cadeia foi bastante agitado
Ainda assim, o período na cadeia até aqui foi bastante agitado: ele decidiu registrar candidatura à Presidência em agosto, apesar de ser condenado em segunda instância, e tentou levar adiante a campanha mesmo preso. A candidatura acabou barrada pelo Tribunal Superior Eleitoral no dia 31 de agosto. O então candidato petista a vice, Fernando Haddad, assumiu oficialmente a candidatura no dia 11 de setembro.
Em apenas seis meses de prisão, Lula recebeu 572 visitas na carceragem da Polícia Federal, em Curitiba. Maior parte das visitas foi feita por advogados com procuração para defender o ex-presidente — mas que não necessariamente atuam no caso. Um exemplo é Fernando Haddad, que usou o trunfo para tratar da campanha à Presidência.
O dia em que Lula quase foi solto
O domingo 8 de julho foi um dos dias mais tumultuados envolvendo o processo do ex-presidente. O juiz plantonista do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, Rogério Favretto, decidiu soltá-lo por considerar que o petista estava tendo seus direitos de pré-candidato cerceados na prisão.
A medida foi contestada, antes de ser concretizada, por Sergio Moro, então juiz da primeira instância, e pelo relator do caso na segunda instância, João Pedro Gebran Neto. Após horas de indefinição, o presidente da corte regional, Carlos Thompson Flores, decidiu contra o ex-presidente, que permaneceu detido.
Embates jurídicos
Desde os primeiros dias na cadeia, Lula e seus advogados se envolveram em diversos embates jurídicos com a juíza Carolina Lebbos, responsável por administrar o dia a dia da pena. Visitas de amigos ao ex-presidente na PF do Paraná foram inicialmente barradas. Depois, a magistrada o autorizou a receber dois amigos por semana, às quintas-feiras.
Centenas de visitas
Políticos e apoiadores famosos formaram uma “fila” para visitá-lo, incluindo personalidade como Chico Buarque, o ex-presidente uruguaio Pepe Mujica e o ator americano Danny Glover. Haddad se inscreveu como advogado do ex-presidente, o que facilitou o acesso à carceragem em Curitiba. As visitas causaram polêmica durante a campanha presidencial, e o ex-prefeito decidiu interromper os encontros no segundo turno, quando foi derrotado por Jair Bolsonaro (PSL).
Cartas
Lula se manifestou publicamente em inúmeras cartas, divulgadas em seus perfis em redes sociais e até lidas em eventos do PT, como o lançamento de sua candidatura a presidente, na qual não compareceu, em agosto.
A presença dele na capital paranaense provocou a organização de um acampamento de apoiadores, logo no dia da prisão. A concentração, após ordem judicial, foi transferida para um local mais afastado do prédio da PF.
Raras aparições públicas
Mas, apesar de uma rotina agitada, publicamente o petista só apareceu em duas ocasiões, em depoimentos à Justiça. A última delas foi no dia 14 de novembro, quando prestou depoimento à juíza Gabriela Hardt na ação penal sobre o sítio de Atibaia (SP). Foi a única vez em que saiu da sede da PF em Curitiba, para onde foi levado de helicóptero oito meses atrás.
A outra aparição foi em junho, quando foi ouvido por videoconferência, como testemunha, em um processo contra o ex-governador Sérgio Cabral, no Rio de Janeiro.
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