Se você perdeu o noticiário político de Brasília dos últimos dias, fique sabendo: o homem acima realmente pode se tornar presidente da República em substituição a Michel Temer (PMDB). E isso pode ocorrer em poucos dias.
O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) – o homem da foto – é presidente da Câmara. Como o Brasil não tem mais um vice-presidente, a Constituição determina que ele é quem assume o cargo se Temer for afastado. E a situação de Temer piorou muito nos últimos dias e ele corre sério risco de ser afastado da Presidência pelos próximos seis meses.
O presidente foi oficialmente denunciado ao Supremo Tribunal Federal (STF) no último dia 26 pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. Ele é acusado de corrupção passiva no caso JBS. Se o STF acatar a denúncia, Temer vira réu e é afastado do cargo por seis meses, prazo que o Supremo tem para julgá-lo. E, segundo a Constituição, para que o STF faça isso, a Câmara tem de autorizar.
O problema para o presidente é que, cada vez mais, ele perde apoio político. O relatório do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) recomendando que a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara aprove a autorização para Temer ser julgado pelo STF, divulgado nesta segunda-feira (10), é um indicador disso.
Quem é Rodrigo Maia?
Caso Temer vire réu no STF, a Presidência cairia no colo de Rodrigo Maia. Mas quem, afinal, é o homem que pode virar presidente do Brasil?
Rodrigo Felinto Ibarra Epitácio Maia, de 47 anos, chegou à política embalado pelo nome do pai – o ex-prefeito do Rio de Janeiro César Maia. Rodrigo começou a carreira na vida pública aos 26 anos, na Secretaria de Governo da prefeitura carioca, na gestão de Luiz Paulo Conde, um aliado de seu pai.
Dois anos depois, em 1998, se elegeu deputado federal pelo Rio – de onde não saiu mais (está atualmente no seu quinto mandato consecutivo). Apesar das sucessivas reeleições e de ser um hábil negociador político, Maia nunca foi exatamente um campeão de votos. Em 2014, teve 53.167 votos – foi o 29.º mais votado dos 46 deputados eleitos no estado.
Em 2012, Maia havia tentado ser prefeito do Rio, numa chapa em que a vice era Clarissa Garotinho, filha de outro nome conhecido dos cariocas: o ex-governador Anthony Garotinho. Maia teve apenas 3% dos votos válidos.
Participação na Lava Jato
Uma possível Presidência de Rodrigo Maia estaria longe de afastar a Lava Jato do Planalto. Assim como Temer, ele também é investigado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suposta participação no esquema investigado pela operação.
Maia foi citado nas delações da Odebrecht por supostamente ter recebido caixa 2 nas eleições de 2008, 2010 e 2012 – num valor total de R$ 1 milhão. Além disso, o presidente da Câmara também é acusado por delatores de ter recebido propina para trabalhar pela aprovação de uma medida provisória (MP) que iria beneficiar a Braskem, empresa do grupo Odebrecht.
A diferença entre as acusações contra Temer e Maia é que a PGR já finalizou o inquérito contra o peemedebista e o denunciou formalmente ao STF. Já a investigação contra o parlamentar não está concluída. Se Maia tivesse sido oficialmente denunciado pela PGR e o Supremo acatasse a acusação, o deputado seria réu e também não poderia assumir a Presidência da República.
Mas Maia, caso vire presidente interino, em tese não pode ser processado por acusações que não se referem ao exercício do mandato presidencial – caso das acusações contra ele referentes às delações da Odebrecht.
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