O ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB), preso há quase um ano, voltará a fazer uma oferta de acordo de delação premiada à equipe da procuradora-geral recém empossada, Raquel Dodge.
No entanto, a proposta será levada somente depois que os cinco investigadores que integraram o grupo do antecessor de Dodge, Rodrigo Janot, deixarem a equipe, segundo a reportagem apurou.
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Entre os nomes que Cunha quer ver afastado da mesa de negociação está o do promotor Sérgio Bruno, que hoje integra a equipe de transição. Está previsto que ele e os demais quatro colegas que trabalham nessa frente com Janot deixem a PGR (Procuradoria-Geral da República) em 30 dias.
Sérgio Bruno era um dos principais assessores do ex-procurador-geral nas tratativas de delação e comandou negociações com a da Odebrecht que envolveu 77 colaboradores.
Interlocutores de Cunha relataram à reportagem que ele só pretende retomar as conversas com o Grupo de Trabalho permanente da Lava Jato oficializado por Dodge. A procuradora-geral nomeou oito investigadores para compor essa equipe, sendo dois pertencentes a gestão anterior, Maria Clara Barros Noleto e Pedro Jorge do Nascimento Costa.
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A ideia do ex-deputado e de pessoas ligadas a ele é usar este mês para turbinar o conteúdo do acordo já apresentado por Cunha para tornar a proposta mais atrativa. Novos anexos devem ser escritos ainda essa semana.
Na avaliação da equipe de Janot, a oferta apresentada pelo político e recusada pelos investigadores mirava os inimigos, principalmente aqueles que o delataram, e preservava os amigos.
Segundo a reportagem apurou, esse é um dos motivos que fez o ex-deputado pedir a transferência permanente para Brasília, onde está sua equipe de advogados.
Oficialmente, a defesa de Cunha nega qualquer vínculo entre o pedido de mudança e a delação. Advogados afirmaram à Justiça a transferência para Brasília, além de facilitar o contato com os advogados, facilitaria que o político encontrasse a família, já que sua ex-mulher e mãe de três de seus filhos vive na cidade.
Questionado sobre as tratativas da delação de Cunha, o advogado Délio Lins e Silva disse que não se pronuncia sobre casos envolvendo seus clientes.
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